Por Patricia Tai (da Redação)
Um tigre-de-bengala de 5 anos de idade caminhou sozinho para dentro do Zoológico de Nandankanan, na Índia, no dia 30 de abril, provavelmente guiado pela presença de alguma fêmea em época de cio. Ele ficou mais de um mês no parque zoológico de 500 m², servindo-se da alimentação que lhe era dada, e parecia satisfeito com a estadia. Mas, passado pouco mais de um mês, optou por fugir do local, escalando a parede de ferro de 5,5 metros de altura que foi construída especialmente para prevenir fugas de animais. As informações são da Care2.
Nos aproximadamente 30 dias em que o tigre permaneceu no Zoológico, houve controvérsias. Algumas pessoas diziam que ele deveria ser solto na natureza, enquanto outras queriam mantê-lo preso em cativeiro para fins de reprodução. No entanto, o tigre tomou a decisão e empreendeu a sua fuga, aparentemente usando cantoneiras de ferro situadas entre 2 e 5 metros de altura para escalar a barreira. No processo, ele também danificou uma câmera de circuito interno que rastreava os seus movimentos.
Não é de se surpreender que o tigre tenha buscado a liberdade. Enquanto esteve no zoológico, ele teve refeições providas pelos tratadores, mas também percebeu que estava com seus movimentos restritos. Notícias sobre animais tentando fugir de zoológicos e parques são comuns, embora poucas tentativas sejam bem sucedidas como a desse tigre. Recentemente, conforme publicado pela Anda, um pinguim tentou fugir do tanque de pinguins do SeaWorld, na Flórida, mas se viu assustado em meio aos visitantes e foi colocado de volta.
Uma série de estudos tem demonstrado que os animais em cativeiro apresentam altas doses de stress, ressaltando que o confinamento é totalmente contra a sua natureza. Elefantes em zoológicos e parques foram encontrados sofrendo não só desse problema, mas da falta de exercício que faz com que seu tempo de vida seja encurtado pela metade, em comparação com o tempo de vida em estado selvagem. Alguns estudiosos propuseram formas de aliviar o stress de animais em cativeiro, com programas que envolvem mudanças em seus ambientes de modo que eles possam parecer naturais, porém o efeito é praticamente nulo.
Os fatos mostram que há razões mais do que suficientes para evitar a manutenção de animais em cativeiro e, por isso, algumas experiências têm sido feitas no sentido inverso, buscando devolver esses animais ao habitat natural.
Autoridades da Vida Selvagem da África do Sul recentemente fizeram isso com a elefante fêmea chamada Thandora. Após 23 anos vivendo no Zoológico Bloemfontein, Thandora foi reintroduzida na natureza, na reserva de Gondwana. “Foi preciso muito planejamento para isso”, disse Vanessa Naude, que trabalha na reserva. Thandora foi mantida por algum tempo em um local de transição, para aumentar seu condicionamento físico (ela precisou recuperar o ritmo das passadas e a capacidade de caminhar oito quilômetros por dia). Ela também precisou aprender a fazer sua própria forragem e a comer comida natural da reserva, ao invés de sanduíches de queijo e presunto.
Após duas semanas no novo habitat, enfrentando uma cólica severa, Thandora vagarosamente perdia os hábitos que tinha no zoológico, e começava a se juntar a uma manada de elefantes. Mais recentemente, ela tem sido vista em companhia de um elefante mais velho. Vanessa escreveu: “Se olharmos em retrospectiva, podemos ver como Thandora chegou e qual foi o seu progresso. De um animal medroso, carente e cativo, para um animal selvagem, livre e independente”.
Oficiais de Vida Selvagem monitoram os movimentos de Thandora 24 horas por dia e estão esperançosos de que a experiência de reintrodução dela na natureza poderá ser aplicada a outros elefantes.
A menos que consigamos convencer os governantes a realmente interromper a ganância pelo desenvolvimento e a destruição do habitat, e a disponibilizarem proteção efetiva para os animais selvagens, os zoológicos se tornarão a única opção para muitas espécies que estão em vias de extinção. Histórias como a da breve estadia do tigre-de-bengala no Zoológico de Nandankanan, do pinguim que tentou escapar do SeaWorld, e a de Thandora se reintegrando com seus companheiros na vida selvagem são um alerta para a necessidade de se fazer campanhas para salvar os seus ecossistemas e para trabalhar no sentido de realocar animais na natureza sempre que possível.
Mais do que nunca, o grito de apelo desses animais à liberdade se faz audível. A reportagem termina com um questionamento: “Se nenhum de nós, humanos, desejaria passar o resto da vida em uma jaula, o que se dirá de um animal selvagem?”.