Por Raquel Soldera (da Redação)
Durante uma investigação por denúncia sobre perigo de morte por maus-tratos dos animais do zoológico La Reina, de Tizimín, no México, integrantes da Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República, da Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (Profepa) e do Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Semarnat) descobriram animais mortos em um freezer.
O delegado da Profepa em Yucatan, Antonio Cárdenas, disse que nos porões do zoológico havia mais de 10 cobras, jiboias, pavões e veados congelados. Até o momento não se sabe por que eles estavam lá. Os cadáveres foram encaminhados a um laboratório para necropsia e identificação da causa da morte. Também foi encontrado um tigre de bengala gravemente ferido em uma perna.
Há um mês, o prefeito de Tizimín, acompanhado pelas forças policiais municipais, impediu inspetores da Profepa de resgatar animais das más condições a que estavam sendo submetidos no zoológico, conforme notícia publicada na ANDA (leia aqui).
Na investigação, que durou mais de 12 horas, participaram cerca de 150 integrantes da Marinha, que cercaram o zoológico em apoio a essa operação.
Os inspetores da Profepa disseram que não encontraram vestígios de comida, “sequer do dia anterior”. Segundo depoimentos de alguns empregados do zoológico, o veterinário Óscar Nah González regularmente ia ao restaurante do zoológico em busca de sobras de pão ou biscoitos, quando alguns animais já estavam com muita fome. Segundo eles, o veterinário também ia ao mercado pedir restos de carne, porque a prefeitura não dava dinheiro para a compra de comida para os animais.
Fala-se também do suposto enterro de um leão no jardim zoológico, onde um empregado foi orientado a cavar um buraco e quebrou um cano.
Em uma entrevista, Enrique Cárdenas González, chefe do Profepa em Yucatan, disse que 50 animais, entre répteis, mamíferos e aves, foram transferidos para o Centro de Conservação e Pesquisa da Vida Selvagem (CIVS) Tekax.
Vale ressaltar que, diante da impossibilidade de levar todos os animais, foram selecionados aqueles que estavam em maior risco de morte.
Durante a operação, funcionários da prefeitura e o próprio prefeito, José Luis Peniche Bates, tentaram entrar no zoológico, mas foram impedidos por militares e policiais. “Eu sou o prefeito, eu sou o prefeito”, disse Peniche Bates, mas foi ignorado pelos policiais federais.
Visivelmente irritado, o prefeito de Tizimín declarou que a ação no zoológico, ordenada pelo diretor nacional da Profepa, Patricio Patrón Laviada, é uma clara violação à autonomia municipal do povo.
O prefeito negou que os animais mantidos em cativeiro estivessem desnutridos ou em risco de morte.
Centenas de tizimilenos amontoavam-se nas proximidades. Alguns gritavam: “Por culpa de Peniche, por sua culpa”.
Agentes da Procuradoria Geral da República entregaram ao vice-diretor do zoológico, Julio Lozano, uma relação dos 20 animais que ficaram, e fizeram com que assinasse um termo de responsabilidade.
Com informações de Cronica, La Jornada, Excelsior e Diário de Yucatán
Nota da Redação: Esse é mais um relato da triste e degradante situação que os animais vivem nos zoológicos, constantemente submetidos a condições de maus-tratos e morte. Zoológicos têm de ser abolidos. A preservação das espécies deve ser garantida pela conservação do habitat natural dos animais, e não os prendendo em jaulas que imitam seu ambiente natural.