Fátima ChuEcco/Redação ANDA
O recente relato dado pelo ator Mickey Rourke sobre seu cachorro de nome Loki que o impediu de cometer suicídio aquece o tema sobre o benefício que os animais trazem a vida das pessoas e, especialmente, aquelas que já perderam toda e qualquer esperança das coisas melhorarem. Loki viveu 18 anos (morreu em 2009) e interferiu no exato momento em que ator pretendia tirar a própria vida com uma arma. Esse gesto fez com que Rourke não só abandonasse a ideia de suicídio como também ingressasse na causa animal e voltasse com tudo à carreira artística (leia mais no final da matéria).
Nos Estados Unidos, ex-soldados com tendências suicidas adotam cães também à beira da morte. São cães selecionados para terem morte induzida em abrigos superlotados. Vários abrigos americanos não matam os animais, mas grande parte deles, públicos e privados, de tempos em tempos, sacrificam alguns animais quando a lotação esgota. Para salvar duas vidas simultaneamente, o ex-combatente David Sharpe, que pertenceu as Forças Aéreas dos EUA e serviu no Paquistão, resolveu abrir a ONG Companions for Heroes para ajudar outros ex-soldados com sequelas psicológicas e salvar cachorros prestes a serem mortos em abrigos.
Devido aos traumas emocionais sofridos em combate, Sharpe desenvolveu uma personalidade agressiva e bastante explosiva. A família então deu a ele a cachorrinha Cheyenne – filhote de pit bull resgatada por uma ONG. Numa de suas mais violentas explosões de cólera, em que assim como Mickey Rourke ele também pensou em se matar com uma arma, a cachorrinha se aproximou e começou a lamber a orelha de Sharpe que já estava com o revólver apontado para a boca. Ela também deitou em seu colo e começou a chorar baixinho como que pedindo para que ele se acalmasse. Nesse instante o ex-combatente sentiu-se sensibilizado de uma forma que jamais pensou que seria possível e escolheu abraçar a vida.
Na página da ONG no facebook Sharpe explica: “Companheiros para Heróis fornece gratuitamente animais de companhia, obtidos a partir de abrigos ou resgates, para veteranos militares recuperarem os desafios psicológicos que sofreram durante os combates. Companheiros de Heróis serve de apoio ao tratamento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD), traumatismo crânio-encefálico (TCE) e outros desafios enfrentados pelos heróis de guerra e, além disso, colabora com a adoção de animais, muitos deles condenados à morte”.
Ele acrescenta que “Companheiros para Heróis é um programa que reconhece o incrível poder da relação homem-animal e procura apoiar aqueles que sofrem de estresse psicológico colaborando com a recuperação graças ao amor incondicional de um animal de estimação. Cerca de 10 a 12 milhões de veteranos sofrem algum tipo de transtorno psicológico enquanto que milhões de animais são sacrificados todos os dias. Queremos que iniciem uma nova jornada juntos”. Saiba mais no site ou facebook.
Salvos pelo gongo
Em agosto desse ano uma notícia disparou na internet e redes sociais: cão salva vida do tutor mastigando a corda que ele usaria para se enforcar. Byron Taylor estava deprimido com a perda da namorada e outras situações que pareciam intransponíveis em sua vida. Mas Geo, seu cachorro, tinha opinião diferente. O animal agarrou as maõs de Taylor puxando e mordiscando a corda.
Outra história comovente é de Rosa Domingues Morini, de SP, salva por seu gatinho “cego”. Ela pretendia se enforcar dada situação complicada que enfrentava. “Negão, um dos muitos gatos que tenho em casa, me cutucou com as patinhas nos pés e começou a miar bem alto, sem parar. Meu bichano também mordiscava meu vestido e minhas pernas, como se tentasse impedir que eu fizesse aquilo. A mensagem foi clara. Ele queria me salvar”. O depoimento foi dado à revista “Sou Mais Eu” esse ano.
“Interpretei que meu gatinho dizia: “Sua covarde! Como vai me abandonar? Os outros gatos podem sair daqui e sobreviver, mas vou acabar morto sem seu cuidado”, disse Rosa na entrevista. Ela ficou muito comovida com o gesto de seu gato que, embora cego, pareceu saber exatamente o que estava para acontecer e decidiu viver para continuar cuidando dele e dos demais bichanos da casa.
Mickey Rouke virou protetor
Quando ganhou o Globo de Ouro em 2009, logo após ser impedido de se matar por seu cão Loki, Mickey agradeceu a todos os seus cães vivos ou mortos e disse: “Acredito que Deus tenha criado os cachorros por algum motivo. Eles são a melhor companhia que um homem pode ter”. Em 2010 ele participou da campanha “Seja macho para esterilizar seu cachorro” da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) cujo objetivo era reduzir a superpopulação de cachorros abandonados na Índia. Segundo um comunicado publicado pela PETA, “Rourke ficou tão emocionado quando soube da crise de superpopulação de cães e gatos na Índia, que agarrou a chance de desafiar as pessoas a esterilizarem seus animais”. Leia mais.
Em 2012 Rourke ajudou a financiar um abrigo para animais na Rússia devido a uma determinação para todos os animais de rua terem morte induzida naquele ano. Na ocasião Rouke estava em filmagens no país quando um cachorro entrou no set das gravações. O ator então adotou o cachorro e doou quantia em dinheiro suficiente para a construção de um abrigo do tamanho de um campo de futebol.
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