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FILIPINAS

Animais explorados para fazer selfies com turistas são encontrados acorrentados e desnutridos em zoos

19 de dezembro de 2021
Beatriz Silva | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Lady Freethinker/The Independent

Diversos animais selvagens, retirados dos seus habitats e aprisionados em cinco zoos filipinos, foram encontrados acorrentados, desnutridos e em situação de profundo sofrimento físico e emocional durante uma investigação realizada por ativistas em defesa dos direitos animais. Segundo denúncias, os animais eram explorados e obrigados a interagir e tirar selfies em turistas.

De acordo com o The Independent, todos esses animais, assim como outros, como orangotangos, ursos e até pítons, estariam vivendo em meio à sujeira. Imagens feitas no local sugerem que os animais apresentam sinais de forte estresse psicológico. Eles estavam entre as mais de 100 mantidas em condições que um cientista descreveu como “totalmente horríveis”.

A administração dos zoos afirmam que os animais estão sofrendo, morrendo e se alimentando mal em razão da queda do turismo causada pelo lockdown e a pandemia de Covid-19. O zoos, inclusive, estão iniciando campanhas para arrecadar recursos para alimentar os animais, pois afirmam não ter receita e não receberem ajuda do governo.

Nas Filipinas, o turismo internacional é uma grande indústria, contribuindo para a economia em cerca de 12,7%. A maioria dos turistas vem de dentro da Ásia. No mundo, a ascensão das redes sociais e a moda das selfies foram responsabilizadas pelo aumento do abuso de animais.

Segundo os investigadores da organização de direitos animais Lady Freethinker, Há evidências de negligência e crueldade nos locais. Os investigadores conduziram uma investigação secreta no início deste ano e pediram a administração dos zoos melhorias nos cuidados dos animais, assim como a proibição de selfies dos visitantes com os animais.

Testemunhas dizem que alguns animais foram vistos andando em círculos apertados e um orangotango estava imóvel e sem resposta. Macacos também eram mantidos em jaulas e eram alimentados pelos turistas.

Foto: Lady Freethinker/The Independent

A especialista em tráfico da vida selvagem, Patricia Tricorache, dq Colorado State University’s Natural Resource Ecology Lab, disse à organização Lady Freethinker que muitos dos animais pareceram desnutridos e que o espaço em que estavam pareciam inadequados em termos de tamanho e configuração.

Os investigadores também dizem ter documentado ao menos 98 animais em condições desesperadoras. De acordo com a própria equipe de marketing dos cinco zoológicos investigados, eles alojaram ao todo três mil e trezentos e vinte animais antes de começar a pandemia.

A fundadora da Lady Freethinker, Nina Jackel, diz que a organização implora para que esses zoológicos melhorem imediatamente as condições e acabem com as interações dos visitantes com a vida selvagem, incluindo as fotos. Estudos já mostraram que essas selfies são desumanas e podem gerar danos no bem estar emocional e físico dos animais. Ainda de acordo com a organização, em um dos zoológicos vários grandes felinos estavam acorrentados e foram usados como “adereços” nas fotos. Alguns animais pareciam apresentar deformidades ou estarem doentes. Em um segundo zoológico, um investigador relatou ter visto um urso andando em sua área e répteis que tinham apenas água suja para beber.

Foto: Lady Freethinker/The Independent

O professor emérito de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Colorado, Marc Bekoff, descreveu as imagens como horríveis e que mostram o óbvio abuso dos animais. Noel Rafael, secretário executivo da Associação de zoológicos e aquários das Filipinas, diz que outros relatos sobre as condições dos zoológicos já estavam sendo monitorados.

Foto: Lady Freethinker/The Independent

A The World Association of Zoos and Aquariums, associação mundial de zoológicos e aquários, ordenou que as instituições integrantes cumpram os padrões regionais de bem-estar dos zoológicos até o ano de 2023, segundo informação de Noel Rafael. Foram desenvolvidos workshops envolvendo um novo treinamento de quem toma as decisões e dos funcionários, assim como novas diretrizes para os zoológicos filipinos.

Foto: Lady Freethinker/The Independent

Noel Rafael acrescenta que a conformidade com os padrões universais de bem estar-animal é um processo gradual principalmente quando se tem fatores socioeconômicos ou que estão fora do controle, como a pandemia.

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