Nova política foi instaurada na agência federal FDA em outubro do ano passado
Uma recente mudança de política nos laboratórios de pesquisa regidos pela agência federal americana Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, permite a adoção de animais que foram utilizados em testes em laboratórios. A mudança entrou em vigor em outubro de 2019, mas só foi divulgada agora. Até então, os animais eram mortos após os experimentos.
Segundo informações da porta-voz da agência, Monique Richards, os animais que se enquadram na regra são cães, gatos, coelhos, porco-espinho-da-índia e alguns animais de fazenda. Para a senadora republicana Susan Collins (Maine), “não há razão para que animais utilizados em pesquisas regulamentadas, em condições de serem adotados ou encaminhados aos abrigos, sejam mortos em nossas agências federais”.
Collins apresentou um projeto de lei federal semelhante à política instaurada pela agência, chamada de Lei de Liberdade Animal de Testes, Experimentos e Pesquisa (After), ao Parlamento em 2019. O projeto recebeu apoios de oito parlamentares, incluindo a senadora democrata Elizabeth Warren (Massachusetts). O projeto de lei que tramita na Câmara exige que laboratórios federais coloquem os animais em abrigos ou nos chamados “santuários de aposentadoria” após a conclusão das pesquisas.
Um dos copatrocinadores do projeto, deputado democrata Brendan Boyle (Pensilvânia), afirmou estar muito feliz com a decisão e orgulhoso do projeto que vem sendo desenvolvido. Dentre os 60 parlamentares que o defendem, 13 são republicanos. Se aprovada, a medida estabeleceria políticas que abrangeriam outras agências, não apenas as federais.
Em 2018, a FDA utilizou 1.929 animais em testes de laboratório, regulamentados pelo Conselho de Bem-Estar Animal. De acordo com o relatório divulgado pela agência, 27% dos animais sentiram algum tipo de dor ou angústia durante o procedimento. Apesar disso, os animais possuem plena capacidade de ter uma vida longa e saudável, recuperando-se do trauma vivido nestes espaços – é o que afirma Justin Goodman, vice-presidente de advocacia e políticas públicas do projeto White Coat Waste. O grupo trabalha com o objetivo de interromper de uma vez por todas os experimentos envolvendo animais.
“Os animais que serão adotados ou enviados para abrigos precisarão de tempo e paciência no período de adaptação”, orienta Goodman. Ele ainda afirma que o “FDA deve ser um modelo para outras agências federais que estão realizando testes em animais, mas ainda não concordaram em permitir que eles sejam libertados ao final do teste”. A Agência de Proteção Ambiental e o Departamento de Agricultura são citados por ele, de acordo com informações do site The Nill.
A primeira iniciativa de libertar os animais na FDA aconteceu em 2018, quando 26 macacos-esquilo envolvidos em um estudo sobre nicotina foram “aposentados”. Os macacos foram enviados para a Flórida e mantidos em ambientes vigiados até se adaptaram à mudança de estilo de vida. Eles serão realocados novamente para área aberta ainda no mês de fevereiro.
É importante ressaltar que este é um passo pequeno em um longo caminho em busca da liberdade integral dos animais, até que eles deixem de ser alvos de testes. Diversas outras possibilidades já se tornaram viáveis, como a utilização de células humanas ou tecidos sintéticos, como defende a organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA). Este é o argumento central dos defensores de projetos de lei que tramitam no país, mais rígidos que o apresentado por Collins, pedindo o fim dos testes em animais.
A senadora Collins afirma, também, ter recebido com horror a informação de quantos animais foram mortos. Ela se une aos inúmeros parlamentares que defendem o fim das experiências em animais “para acabar com os testes desatualizados do governo”. Objetivo pelo qual, ela afirma trabalhar durante anos.
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