Animais explorados por um rodeio foram pintados de rosa para uma prova de laço envolvendo mulheres em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. O caso aconteceu durante a Campereada Internacional de Santana do Livramento e gerou inúmeras críticas.
A decisão de pintar os animais de rosa teve relação com o fato da prova ter sido feminina. No Facebook, na página Repórter Farroupilha, muitos dos mais de mil comentários criticam a atitude dos organizadores do evento.
Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos Veterinários do estado (Simvet), João Júnior, é necessário avaliar qual produto foi usado para pintar os animais. “Sabemos que existe tingimento específico para cães, onde diminui a possibilidade de reações alérgicas. Se foi utilizada tinta comum, essa não deverá ser uma prática realizada pois pode causar diversas reações aos animais”, diz Júnior ao G1.
A médica veterinária e secretária da Agricultura de Livramento, Caroline Menezes, que organizou a prova do laço feminina, afirmou que foi usado corante de bolo para tingir o pelo dos animais.
Crueldade da prova do laço
Pintar animais não só representa um risco à saúde deles, como também os objetifica e ridiculariza em prol do entretenimento humano. No entanto, independentemente da pintura, a prova do laço por si só é cruel. Nela, uma pessoa montada em um cavalo deve laçar um bezerro pelos dois chifres, fazendo-o cair de forma brusca no chão.
Ferimentos são comuns nesta prova, que causa dor e sofrimento aos animais laçados. Além disso, casos de paraplegia também podem ocorrer, devido à possibilidade de acontecerem lesões na coluna dos animais.
A prova do laço foi proibida em várias localidades. Em Barretos (SP), ao proibir essa prova e também a vaquejada, o o desembargador Péricles Piza, declarou que “incutir medo, dor, sofrimento e morte a outros seres não é algo que queremos perpetuado em nossa cultura, não sendo este o objetivo do nosso constituinte originário ao vedar a crueldade a animais e proteger o meio ambiente, algo até então inédito na história das constituições pátrias.”
Andradina, no interior de São Paulo, também teve a prova do laço proibida pela Justiça. Para decidir pela proibição, o juiz ouviu o parecer de uma médico veterinário que concluiu que a prática é considerada maus-tratos a animais. “A prova do laço em dupla é prática eivada de crueldade, consistentes em derrubadas reiteradas e violentas de bovinos ou equinos ao solo, que, sem dúvida, proporcionam dor e sofrimento. A tração na região cervical e cauda de bovinos e equinos podem causar danos irreparáveis”, disse o magistrado.