Dois terços das populações de animais e plantas estão apresentando declínio na diversidade genética, o que dificulta a adaptação a mudanças ambientais e climáticas, de acordo com uma pesquisa publicada hoje (29/01).
Muito antes de uma espécie se extinguir, sua população se torna menor e mais fragmentada, reduzindo o número de parceiros em potencial e, consequentemente, a mistura genética. Isso deixa uma espécie mais vulnerável a ameaças futuras, como doenças.
“Uma tendência surpreendente foi que observamos a diversidade genética diminuindo mesmo entre muitas espécies que não são consideradas em risco”, disse a coautora Catherine Grueber, bióloga da Universidade de Sydney.
Os pesquisadores analisaram dados de 628 espécies estudadas entre 1985 e 2019. As maiores perdas de variação genética foram observadas em aves e mamíferos.
“Quando uma espécie tem diferentes soluções genéticas, ela é mais capaz de lidar com mudanças”, disse David Nogués-Bravo, da Universidade de Copenhague, que não participou do estudo.
Se uma nova doença se espalha por uma população ou as mudanças climáticas alteram as chuvas de verão, alguns indivíduos se sairão melhor do que outros, em parte devido aos seus genes. Uma maior diversidade genética também significa uma maior chance de sobrevivência da espécie.
Esforços de proteção para conectar populações isoladas — basicamente expandindo o “mercado de pares” para uma determinada espécie — podem ajudar a manter ou até restaurar a diversidade genética.
As panteras-da-Flórida são uma espécie ameaçada que perdeu habitat de forma constante devido a rodovias e expansão urbana. Em meados da década de 1990, os felinos restantes no sul da Flórida mostraram sinais claros de endogamia — com caudas tortas e baixa contagem de espermatozoides nos machos.
Biólogos trouxeram oito panteras fêmeas do Texas para a Flórida. Vinte anos depois, o número de panteras da Flórida na natureza cresceu significativamente e a diversidade genética aumentou.
“Populações isoladas sofrem”, disse Stuart Pimm, ecologista da Universidade Duke, que não participou do estudo. “A solução é reconectá-las.”
Os estudo foi publicado na revista Nature.