Em decorrência da guerra, animais estão morrendo de fome em Gaza, na Palestina, pois Israel proíbe a passagem de suprimentos pela fronteira. A Sulala Society for Animal Care, única organização oficial de resgate no território, está prestes a ficar sem alimentos e medicamentos.
Centenas de animais já morreram na região e, de acordo com voluntários, a instituição tem apenas dois sacos de comida para os 120 gatos e 30 cachorros que estão sob seus cuidados. Por conta dos combates, não é possível que eles salvem outros animais e os voluntários do outro lado da fronteira não podem atravessá-la para ajudar. Além disso, há tão pouca comida em Gaza que nem no lixo é possível encontrar alimentos.
Os palestinos que conseguiram fugir da guerra não obtiveram a permissão de levar seus animais domésticos e, por isso, tiveram que deixa-los na fronteira com o Egito.
De acordo com Annelies Keuleers, porta-voz em inglês da Sulala, Saeed Al Err, que fundou a organização, teve que deixar centenas de cães em um abrigo com as portas abertas e o máximo de alimento possível antes de fugir, e até agora não conseguiu voltar. “O maior problema agora é a comida. No início da guerra Saeed comprou uma grande quantidade de comida, tudo o que conseguiu encontrar, mas está acabando agora”, completou Keuleers.
No começo do conflito, os voluntários recolheram os cães com deficiência, porque sabiam que eles não conseguiriam sobreviver nas ruas, e agora eles estão em um abrigo temporário.
“Eles estão procurando por um local permanente para se mudar no sul dos país, mas precisam levar todos os animais com eles”, disse a porta-voz.
Sulala faz parte de um grupo internacional de organizações de resgate de animais que estão pedindo ao governo israelense permissão para a entrada de alimentos e medicamentos para animais em Gaza. Alguma ajuda, mesmo que pouca, para pessoas está atravessando a fronteira em caminhões, mas os suprimentos para os animais não estão.
O In Defense of Animals, um grupo americano de defesa dos direitos animais, publicou uma carta aberta ao Knesset israelense e membros do gabinete de guerra os pressionando a permitir que os socorristas ajudem os animais. Os voluntários também pedem acesso a fazendas de frangos destruídas por mísseis na região da fronteira norte do país.
Yael Gabay, uma das signatárias e fundadora do Freedom for Animals de Israel, disse que a organização resgatou muitos perus, galinhas, gatos e cachorros no início da guerra, mas seus voluntários agora não têm mais permissão para entrar em Gaza. Ela quer que o exército israelense permita que os voluntários levem comida para a Faixa e a acompanhe enquanto resgata animais abandonados na zona de guerra.
Soldados israelenses têm dado água a alguns dos animais que encontram e trazem alguns de volta em seus tanques, embora isso seja proibido. Um membro do Knesset, o parlamento israelense, disse que é muito importante de que as autoridades levem a sério a vida animal em zonas de guerra.
A política Yasmin Sacks Friedman tem pressionado o governo israelense a apoiar os animais e os voluntários que tentam resgatá-los. “Minha missão de vida é melhorar o estado dos animais em Israel, e por dois anos e meio no Knesset, o Ministério da Agricultura não tem cooperado para melhorar o estado deles dentro do país. Como tudo o mais relacionado ao tratamento e resgate de animais no passado, no final, o cuidado e o resgate são feitos exclusivamente por voluntários e ativistas amantes de animais, e isso não deveria acontecer”, afirmou a política.