A seca que há três anos castiga o Nordeste está acabando com as árvores e animais selvagens. Por falta de comida, no interior do Piauí, as onças estão saindo dos parques nacionais para caçar nos vilarejos vizinhos. Só o agricultor Orleide José da Silva Reis perdeu dez cabeças de ovelhas e de cabras nos últimos três meses. “Nós soltávamos os animais e quando chegava a hora de recolher eles estavam faltando.”
Enquanto os predadores caçam fora do parque, os moradores dos vilarejos, que sofrem com uma estiagem de três anos, invadem a Reserva Nacional da Serra das Confusões em busca do que comer. Nem o tamanduá bandeira escapa. Em um abrigo natural há ossos de pelo menos quatro animais. “É um bicho que está na lista oficial de extinção. Por isso a nossa preocupação”, explica o chefe do parque José Wilmington Paes Landim.
Em outro ponto da mata, o mateiro Adão dos Reis Silva encontrou uma carcaça de tatu bola, um animal típico da região. “Ele está muito magro e é um animal que engorda muito. Arrisco dizer que ele morreu mesmo de fome ou de sede.”
Os pesquisadores que monitoram os répteis da região há dois anos estão preocupados. “Algumas espécies com ocorrência bem abundante no primeiro ano, nesse segundo ano com a seca mais proeminente não estão caindo nas armadilhas”, explica a pesquisadora do Instituo Chico Mendes Juliana Rodrigues.
Ela explica que até os animais mais resistentes à seca estão correndo risco. “Se essa seca se prolongar por muitos anos essas populações podem flutuar a ponto de eles não se restabelecerem e ocorrer uma extinção local ou algo nesse sentido.”
Com informações do G1.