Bicos de aves e orelhas de mamíferos estão evoluindo por causa de mudanças climáticas. É o que diz o estudo “Mudança de forma: mudança da morfologia animal em resposta ao aquecimento climático”, publicado na Revista Cell nesta semana. Sara Ryding e Matthew Symonds são pesquisadores da Universidade de Deakin, em Melbourne, na Austrália. Na pesquisa, eles revisaram trabalhos produzidos nas últimas décadas sobre os corpos de diversas espécies de animais.

O estudo mostra que o bico de algumas espécies de aves como cacatuas-de-gangue (Callocephalon fimbriatum) e o periquito-dorso-vermelho (Psephotus haematonotus) teve um aumento entre 4% e 10% desde 1871. Além disso, as mudanças também foram encontradas em mamíferos. O musaranho-mascarado (Sorex cinereus) teve um aumento significativo da cauda e da perna desde 1950 e, no mesmo período, foi observado que o tamanho das asas do grande-morcego-de-folha-redonda (Hipposideros armiger) sofreu um aumento de 1,64%. De acordo com o estudo, esses dados possuem relação com o aumento da temperatura ao longo dos anos.

Os pesquisadores disseram ao site “The Conversation” que, tanto as orelhas de mamíferos como os bicos de algumas aves podem funcionar como meios de liberação de  excesso de calor, como os seres  humanos fazem através da pele, regulando a temperatura corporal. Ter maiores apêndices 一 como são chamadas essas estruturas que ficam fora do corpo desses animais — pode trazer vantagens em locais mais quentes, ou que estejam sofrendo com um aumento da temperatura do ambiente.

Mas apesar da adaptação desses animais, nem todos conseguirão fazer  o mesmo. Isso pode acontecer, por exemplo, com certas aves que não podem mudar o formato do bico por causa da dieta que ingerem. Os cientistas acreditam que “a melhor maneira de proteger as espécies no futuro” ainda é diminuir os efeitos do aquecimento global.