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APRISIONADOS

Animais em zoológicos e aquários enfrentarão riscos durante a passagem do furacão Milton

Apesar dos procedimentos de segurança realizados em casos de furacão, os animais que vivem em cativeiro continuarão presos e em perigo

9 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: ZooTampa

Enquanto milhares de pessoas e animais domésticos na Flórida estão se preparando para evacuar diante da ameaça do furacão Milton, muitos animais aprisionados em zoológicos e aquários continuam no mesmo lugar.

Apesar desses estabelecimentos terem um procedimento padrão para manter os animais em segurança em meio ao furacão, eles não teriam esse problema se estivessem na natureza.

No Florida Aquarium, seis cobras, três lagartos, três tartarugas, dois crocodilos, dois sapos, um caranguejo eremita e nove pinguins africanos foram removidos do térreo das instalações para evitar que sofressem com uma possível subida da maré. Embora essa medida tenha sido tomada para proteger esses animais, o fato de estarem confinados em um ambiente artificial já os priva de seus direitos naturais à liberdade e autonomia, tornando-os vulneráveis a riscos que não enfrentariam em seus habitats naturais.

No ZooTampa, os funcionários estão priorizando a proteção de aves que não possuem abrigos noturnos, colocando-as em caixas e levando-as para edifícios reforçados contra furacões. No entanto, a alegam que animais como jacarés “não precisam de ajuda” por estarem acostumados a furacões em seus lagos, ignorando o fato de que eles estão privados de seus ambientes naturais e de sua capacidade de reagir livremente a eventos climáticos, sendo forçados a se adaptar a condições impostas pela vida em cativeiro.

Os animais que não cabem em uma caixa, como os elefantes e as girafas, são confinados em um pequeno celeiro à prova de furacões com feno, comida e água de que precisam para sobreviver por alguns dias, caso o prédio não seja acessível. O confinamento e a necessidade de adaptação a um ambiente controlado desconsideram suas necessidades naturais e seu direito à liberdade, impondo-lhes uma existência em cativeiro que é inerentemente inadequada para espécies tão grandes e sociais.

Instalações menores, como o Croc Encounters, também estão se preparando para a tempestade, colocando mais de 100 jacarés e crocodilos em contêineres de aço que podem suportar condições adversas, mas ignorando a necessidade de um ambiente que respeite sua natureza e comportamentos instintivos.

Nota da Redação: a recente preparação de zoológicos e aquários para enfrentar furacões demonstra a crueldade de manter animais em cativeiro. Enquanto as autoridades se mobilizam para garantir a segurança de seres humanos, os animais aprisionados permanecem vulneráveis e dependentes de medidas de emergência que muitas vezes são inadequadas. 

Durante crises climáticas, a precariedade da vida em cativeiro se torna ainda mais evidente. A solução oferecida pelos zoológicos e aquários — transferir os animais para abrigos seguros ou contêineres — é uma resposta temporária que ignora as questões subjacentes do confinamento. Eles não foram feitos para viver em caixas ou celeiros; sua natureza e comportamento instintivo são moldados por vastos espaços e interações sociais que não podem ser proporcionados em ambientes controlados. Ao invés de tratar os sintomas do problema, é importante que a sociedade pare de aprisionar animais para entretenimento.

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