Os incêndios florestais que assolam a Califórnia ameaçam diretamente a sobrevivência dos leões-da-montanha de Los Angeles. Estes grandes felinos, que já enfrentam desafios devido à expansão urbana e à fragmentação de seu habitat, agora veem suas áreas naturais reduzidas a cinzas, sem opções para escapar do fogo.
Beth Pratt, diretora executiva da Califórnia para a National Wildlife Federation, expressou profunda preocupação com a situação. “Esses leões-da-montanha não podem simplesmente se mudar para o quintal dos Kardashians”, disse ela, destacando as barreiras impostas pela urbanização.
A vegetação do tipo chaparral, que cobre cerca de 10% do estado, é altamente inflamável, e os incêndios devastaram áreas que antes ofereciam alimento e abrigo para a fauna local. Mesmo aqueles que escapam das chamas podem enfrentar a morte por inalação de fumaça, fome ou falta de refúgio seguro.
Além dos leões-da-montanha, outras espécies estão em risco, incluindo os sapos-de-patas-vermelhas, reintroduzidos nas montanhas de Santa Mônica, e os tritões da Califórnia. Répteis e anfíbios, incapazes de fugir rapidamente, são os mais afetados, enquanto mamíferos e aves podem ter dificuldade em encontrar novos territórios para se estabelecer.
Os incêndios florestais recentes, que consumiram milhares de hectares, são parte de um aspecto natural no ecossistema californiano. No entanto, os especialistas alertam que a intensificação desses eventos, agravada pela crise climática e pela urbanização descontrolada, pode comprometer a regeneração da flora e da fauna. “A vegetação chaparral é adaptada ao fogo, mas a frequência e a gravidade dos incêndios recentes podem ultrapassar sua capacidade de recuperação”, explicou o professor Stefan Doerr, especialista em incêndios florestais.
Enquanto as chamas ainda ardem, paira uma incerteza sobre o destino dos leões-da-montanha. Com o desaparecimento de seu habitat e a redução da oferta de presas, eles podem ser provocados a se aproximar ainda mais das áreas urbanas, aumentando os conflitos com humanos.
Pratt e outros conservadores continuam monitorando a região para avaliar os resultados e acompanhar o retorno da vida selvagem. “O habitat pode voltar, mas pode nunca mais ser o mesmo”, alertou.