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Animais dividem espaço com desalojados em abrigos no norte e noroeste do RJ

18 de janeiro de 2012
4 min. de leitura
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Voluntários resgatam cães e gatos das ruas alagadas de Três Vendas, em Campos (Foto: Reprodução/ R7)

Moradores do norte e noroeste do Rio de Janeiro que perderam suas casas ou que tiveram que deixar seus lares por causa das enchentes não abandonaram os animais. Alguns chegaram a ser resgatados de barco. Eles dividem abrigos com os tutores e chamam a atenção nos acampamentos.
Em Outeiro, em Cardoso Moreira, várias famílias levaram seus cães para abrigos. No distrito, cerca de mil pessoas tiveram que sair das casas por causa do rompimento do dique do valão da Onça, no último domingo (8).
O filhote Torinha, da menina Letícia, neta da aposentada Maria da Conceição Ribeiro, de 69 anos, virou chamou a atenção no acampamento do Corpo de Bombeiros. A aposentada levou o cachorrinho para a barraca, enquanto a neta viajou com a mãe.
– Letícia me liga todos os dias para saber de Torinha. Ela morre de saudade dele. Ganhou há um mês, quando ele desmamou. Aqui, ele faz o maior sucesso. Todo mundo quer pegar no colo.
Quem também chama a atenção das crianças é Lobo, um husky siberiano misturado com pastor alemão da dona de casa Ângela Maria dos Santos, de 56 anos.
– Ele é muito bonzinho. Quando viemos para cá, sabia que ele não daria problema. Mas ele ficou bem assustado, porque não costumava sair de casa.
Enquanto a água não baixa, Lobo mora na varanda da igrejinha no alto do Outeiro, onde estão a maioria dos desabrigados. Lá, também está o cão Max da filha de Auricéia Tinoco, de 47 anos.
– Quando soube da enchente, minha filha me ligou pedindo para que eu não esquecesse o Max. Ela mora no Rio de Janeiro com o marido, e eu cuido do Max e mais cinco gatinhos. Os gatos estão no telhado da casa. Eu só trouxe o Max.
Resgate de barco
Pelo menos 15 cachorros e três gatos foram recolhidos de barco das ruas alagadas de Três Vendas, em Campos dos Goytacazes, onde 4.000 pessoas foram expulsas das casas por causa do rompimento do dique na BR-356 (que liga Campos a Itaperuna).
Voluntários da ONG APA (Associação de Proteção Animal) recolheram os animais abandonados e das famílias que não têm condições de cuidar por estarem em abrigos. Os resgates foram feitos com apoio do Corpo de Bombeiros. A presidente da ONG, Adelina Lippi, contou que, durante as buscas, eles encontraram vários animais doentes e magros.
– Na laje de uma casa, encontramos uma cadela mestiça cheia de sarna e muito magra. Ela estava tão abatida, que pensamos que nem ia levantar, mas quando viu o gatinho que estava no bote conosco, ela logo se levantou. Acho que ela vai precisar de uns três meses de tratamento para se recuperar.
Os voluntários levaram o gatinho para uma gaiola na BR-356, que está interditada, e voltaram para buscar a cadela. Durante o resgate, eles encontram outro gatinho com uma perna quebrada, e um terceiro dentro de um saco plástico jogado na água.
– É uma maldade! Quase não conseguimos resgatá-lo com vida. Se ele estivesse sozinho na água, poderia vir nadando. Mas no saco, ele ia morrer.
O soldador Luciano Xavier, de 22 anos, não quis a ajuda da APA.
– Tenho dois cães na minha laje. A casa está cheia d’água, mas a laje está seca. Todos os dias eu vou lá colocar água e comida para eles. Não quero que eles levem meus animais.
Adelina explicou que só recolhe animais abandonados e com autorização dos tutores.
– Teve um senhor que me trouxe o cãozinho para cuidarmos, enquanto ele está desabrigado. Ele deixou telefone e endereço e se comprometeu a buscá-lo quando a água baixar. Ainda tem cães nas lajes com os tutores que não querem deixar comigo. Conversamos com alguns, demos orientação e eles estão bem.
A APA abriga 126 cães e 30 gatos em um abrigo com atendimento veterinário no distrito de Guarus, em Campos.
Fonte: R7

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