Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Uma realidade cruel é perceptível em relação aos animais não humanos: quando, por qualquer motivo, um animal fica com alguma deficiência física, tão logo ele é abandonado ou (utilizando a linguagem especista) “eutanasiado”.
Hoje é o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência Física e é um dia que, além de ser importantíssimo para o avanço das lutas por integração social e pela melhoria da qualidade de vida de pessoas com definicência física, também precisa ser aberto para a preocupação com animais não humanos que também tenham algum tipo de deficiência.
Há diversas formas de um animal ficar deficiente, diversos motivos podem ser encontrados, como derrame cerebral, traumatismo craniano, diabetes, cinomose, hipertensão, entre outros e, assim como em um humano, estes problemas precisam ser levados à sério o bastante para que sejam desenvolvidas técnicas e tecnologias para a melhoria da vida destes animais. Cães e gatos costumam ser os que mais sofrem com as diversas formas de deficiência.
Uma das deficiências mais frequentes é a paralisia dos membros posteriores ou inferiores, que é muito comum em cães Basset. A hérnia de disco é a uma causa comum. Como informado pelo jornal Metro, em um dia o cão começa a sentir dores nas costas, mas continua seus afazeres e sua vida normalmente, entretanto, em um dado momento, as pernas traseiras não mais funcionam.
É necessário uma longa recuperação com fisioterapia e acumpuntura, após a cirurgia para retirada da hérnia. Uma dica veterinária é, ao perceber os sintomas, restringir o espaço do animal, pois ele não deve se locomover, sob risco de piorar sua situação. É viável deixá-lo, por exemplo, dentro do box do banheiro e chamar o atendimento médico. Segundo especialistas, os sintomas visíveis variam entre permanecer arqueado, andar com dificuldade ou se recusar a andar, a não conseguir se levantar e nem mesmo urinar, o que já é uma sinal grave.
A médica veterinária Carla Alice Berl explica um pouco sobre a avaliação do grau de paralisia, “No exame avaliamos a sensibilidade dos membros posteriores, se ainda sentem dor profunda ou não. Quando o animal não apresenta mais dor profunda é considerado muito grave e a chance da reversão do quadro é uma cirurgia de emergência num período menor que 24 horas de quando o problema começou”. Um das solução é o uso de carrinhos, que podem acompanhar o animal com a mesma função de uma cadeira de rodas.
Uma segunda deficiência popular é a surdez. A deficiência auditiva compromete a comunicação do animal com seu tutor e aumenta o perigo de ser atropelado por carros em ambientes urbanos. Segundo a veterinária Renata Miranda da Cruz, esta deficiência é muito relacionada com a pigmentação do animal, sendo os gatos brancos de olhos azuis, os mais prováveis de serem surdos, por pura determinação genética. Claro que infecções, ferimentos e infecções também podem causar surdez, seja ela temporária ou crônica.
Excesso de cera, pelo bloqueando o canal auditivo, inflamação ou perfuração do tímpano são algumas causas da surdez, mas que podem ser tratadas, já a causa genética (Dalmatas, por exemplo, tem 30% de chance de já nascerem surdos) não é tratável e o tutor responsável precisará desenvolver um método de comunicaçao com o animal. As dicas de Renata são para mantê-lo sempre por perto, já que, caso estejam em grandes distâncias, não escutaram seu tutor e poderão se perder ou sofrer algum acidente, e desenvolver um linguagem de sinais com o cão, para manter a comunicação com o animal.
O animal poderá se sentir desconfortável e inseguro, mas com os cuidados devidos, terá uma vida tão saudável quanto a de qualquer outro.
A cegueira também é uma deficiência comum e que pode ser causado por glaucoma, uverite, catarata, lesões na córnea olho seco, diabetes e até carrapatos. Assim com a surdez, também há casos em que a cegueira pode ser temporária, desaparecendo completamente após tratamento. A catarata pode ser solucionada cirurgicamente, mas o glaucoma acompanhará o animal por toda a vida.
Em muitos casos, a causa da cegueira é a velhice ou a hereditariedade. Neste casos, a deficiência é irreversível e é necessário ao tutor ensinar ao animal a se coordenar dentro da casa e dos locais onde frequenta. De acordo com a médica veterinária Maricy Alexandrino, o bicho deve saber mapear o local e, normalmente, usa dois pontos referenciais como base: o local onde dorme e o local onde come. Este dois pontos não devem ser mudados pelo tutor, pois é a partir deles que a casa será mapeada.
Para evitar a cegueira, Carla sugere a máxima higiene possível, para evitar doenças infecciosas, como a cinomose, e os carrapatos.
Cães com deficiência são abandonados e rejeitados, por puro preconceito. Por acharem que são bichos incapazes ou por considerarem que não são espertos. Isso não é verdade. O que eles precisam é de um cuidado diferente, mas do mesmo amor que é dado a qualquer outro animal e, assim, terão uma vida normal e feliz.