Uma campanha em Bauru, no interior de São Paulo, está arrecadando agasalhos para cães e gatos carentes de dois bairros da periferia do município, o Jardim Manchester e o Parque das Nações. O objetivo é encaminhar os donativos às famílias e membros de uma organização não governamental que recolhem voluntariamente animais abandonados, para que possam aquecê-los durante o período de frio. O inverno ainda nem chegou, mas os termômetros têm registrado madrugadas geladas em Bauru, com temperaturas em volta dos 13ºC.

Não só roupas específicas para animais são aceitas, mas cobertores, mantas, caminhas, colchonetes, casinhas e cestos, além de tapetes para isolar o frio do chão. Os produtos podem ser novos ou usados. De acordo com a presidente da ONG SOS Gatinhos, Sandra Ariede, em apenas dois dias de campanha as doações já surpreendiam. Além de beneficiar diretamente cães e gatos, a iniciativa busca ampliar a discussão e conscientização sobre a importância do trato com os animais.

“Algumas pessoas são mais céticas e nos questionam ‘por que não ajudam uma criança?’ A ideia não é só arrecadar esses objetos, mas também conscientizar as pessoas de que os animais sentem frio, fome, medo. São seres vivos que têm as mesmas necessidades que nós. Expostos ao frio, eles podem até pegar pneumonia e morrer”, explica.

Protetores de animais cadastrados pela ONG recolhem cães e gatos de rua e os abrigam em casa. Só uma das famílias cuida de cerca de 40 animais. Elas recebem mensalmente medicamentos da organização. Os abrigos funcionam como lares transitórios, já que muitos dos bichos podem ser adotados. Segundo Sandra, as famílias com menor poder aquisitivo são as que mais cuidam e recolhem os bichos abandonados.

A secretária Bórika Hegyessy, conhecida em Bauru por defender os direitos dos animais, cuida de sete gatos e 32 cachorros. Antes morando numa casa no Centro, a família dela precisou se mudar para uma chácara há cerca de um ano para que os bichos tivessem mais espaço. Por mês, os 39 animais de estimação consomem cerca de 500 quilos de ração, despesa média mensal de R$ 1,7 mil.

“É uma despesa bastante alta, mas não abriria mão deles de jeito nenhum. Muitos vieram para nós após denúncias de maus tratos. Cerca de 60% deles. Outros foram deixados na porta da minha casa, como uma filhote de uns 40 dias de vida que foi deixada aqui”, revela.

Ela recebe ajuda da ONG com ração e de voluntários anônimos. “Uma moça que trabalha no Fórum me manda todo ano roupinhas para todos os animais, feitas sob medida para cada um deles”, conta. Até os gatos ganharam peças novas neste ano, a maioria com estampa de onça.

Pontos de coleta

O pet shop de Cassiano Mateus, no Jardim Nasralla, é um dos pontos de coleta da campanha. “Há anos temos uma parceria com o pessoal da ONG. Fazemos outras ações também para ajudar, como rifas e sorteio de TVs.”

A arrecadação não tem data estipulada para terminar, porém, no dia 30 de junho, parte dos produtos será doada às famílias cuidadoras. No mesmo dia, haverá vacinação gratuita para os animais. As doses da vacina décupla (V10) foram doadas à ONG por um político.

Os pontos de coleta da campanha ficam na avenida Duque de Caxias, 5-26, na avenida Getúlio Vargas, 6-15, e na rua Gustavo Maciel, 19-71. Além da campanha realizada no período de frio, é possível contribuir com a ONG em qualquer época do ano.

Iniciativa do município

Em Porto Alegre, a prefeitura inclui os animais em sua campanha do agasalho, através da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda). No ano passado, foram arrecadadas 122.763 peças de roupas na ação, além de 1.271 itens para os bichinhos.

Fonte: Notícias Terra