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Animais com calazar vivem em situação de abandono no Centro de Zoonoses

1 de março de 2014
3 min. de leitura
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A prática de induzir à morte animais diagnosticados com Leishmaniose – ou Calazar, como é popularmente conhecida – existe há 10 anos em Fortaleza (CE), e sempre causou polêmica entre veterinários e associações de defesa aos animais.

Visita surpresa ao CCZ flagra abandono de animais (Foto: OAB-CE)
Visita surpresa ao CCZ flagra abandono de animais (Foto: OAB-CE)

Uma denúncia anônima da morte induzida de animais com requintes de crueldade nas dependências do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza (CCZ) chegou até o gabinete da Sub Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais, na Ordem dos Advogados do Estado do Ceará (OAB-CE). Após analisarem a denúncia, um grupo de 10 advogados da Sub Comissão decidiu realizar uma visita surpresa ao órgão para apurar a veracidade da denúncia.

Durante a visita, os funcionários informaram que os animais são alimentados uma única vez ao dia, o que ocorre sempre por volta do meio dia. Além disso, em cada baia são mantidos 25 a 30 animais, disputando um único recipiente de ração. O objetivo, segundo as denúncias, é de enfraquecer o animal para que ofereça pouca resistência no procedimento da morte induzida. O anestésico necessário para ser utilizado antes da eutanásia também não foi encontrado.

“O local é sujo, com grades enferrujadas. Eu não vi nem água pros animais se hidratarem. Mas o que mais me impressionou foi uma marreta suja e enferrujada que encontramos na sala em que os animais são mortos.”, relembra Tiziane Machado, advogada membro da Sub Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais na OAB-CE.

O Dr. Nélio Morais, administrador do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE) informou que as condições precárias do Centro, como ferrugem e sujeira, são consequências da gestão anterior:

Móveis velhos e enferrujados foram encontrados no local. (Foto: OAB-CE)
Móveis velhos e enferrujados foram encontrados no local. (Foto: OAB-CE)

“Quando eu cheguei aqui era muito pior. Eu queria que o grupo da OAB tivesse vindo aqui antes pra ver como era a situação.”

Segundo ele, o centro passará por uma reforma e contará com parcerias de Organizações Não Governamentais (ONGs) e da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE) para ampliar os serviços. Também enfatizou que possui todas as notas fiscais que comprovam as compras de ração e de anestésicos, rebatendo as denúncias.

Apesar de ser uma prática legal e adotada pelo Ministério da Saúde, a morte induzida é questionada pela advogada Tiziane Machado:

Visita surpresa ao CCZ flagra abandono de animais. (Foto: OAB-CE)
Visita surpresa ao CCZ flagra abandono de animais. (Foto: OAB-CE)

“Quem transmite a doença não é o animal, e sim o mosquito. Então porque mata-se o animal e não há um combate ao mosquito? Enquanto esses animais morrem, o mosquito continua vivo. Precisamos, na verdade, tratar esses animais, e não sacrificá-los.”

O grupo enviou um ofício à administração do CCZ em que pedia a relação de todos os animais eutanasiados e os processos que comprovam que o animal estava doente, além de questionar a eficácia do exame que detecta o calazar, mas até hoje não teve resposta. Então o grupo fez um relatório com fotos e informações do que presenciou no local e enviou ao Ministério Público. O promotor já pediu ao juiz que determine a suspensão das mortes. “Agora estamos aguardando a decisão do juiz.”, explica a advogada.

Fonte: Tribuna do Ceará

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