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GUERRA

Animais aprisionados em zoos na Ucrânia sofrem com traumas por causa de explosões

22 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | EPA

Os animais selvagens que estão presos em zoológicos na Ucrânia estão sofrendo profundamente com o estresse das explosões causadas por mísseis e bombas e pela tensão que paira sobre a Ucrânia desde a invasao russa, que hoje (22), completa 26 dias. Santuários da vida selvagem conseguiram retirar alguns animais em segurança do país e transferi-los para refúgios na Bélgica, na Espanha e na Holanda, mas os zoos, que aprisionam e exploram animais para entretenimento humano, estão sendo a prova sobre como o cativeiro coloca essas espécies em situação e completa vulnerabilidade.

O Nikolaev Zoo, o Kyiv Zoological Park e o Kharkiv Zoo estão sendo o mais afetados pelos ruídos dos confrontos. Além do barulho, há também escassez de suprimentos e falta de energia elétrica. Não há apoio logístico para retirar tantos animais do país. Realizar o transporte de animais estressados e debilitados em meio a bombardeios pode ser extremamente arriscado e ter um fim ainda mais trágico. Especialistas afirmam que esses animais podem ficar traumatizados para sempre.

Foto: Reprodução | EPA

Samantha Ward, professora especialista em Comportamento Animal na Nottingham Trent University, alerta que mesmo os ruídos de construção de uma baixo nível já demonstraram ser angustiantes para os animais. Ela diz que o conflito atual provavelmente terá um “impacto aterrorizante” nos animais dos zoológicos. “Mesmo em circunstâncias normais, mover animais de zoológico não é uma tarefa fácil, o transporte de animais pode ter impactos negativos no bem-estar do animal”, ela pontuou em um artigo acadêmico consultado pelo portal The National.

E completou: “Os animais transportados podem apresentar desidratação, fadiga, alterações comportamentais e estresse. A pesquisa também mostrou que os animais formam relacionamentos com os tratadores e, portanto, isso pode ter implicações adicionais no bem-estar se os animais forem movidos sob condições estressantes para novos locais”, salientou. O estudo realizado pela especialista evidencia como as espécies selvagens têm seus comportamentos alterados e desenvolvem a dependência de seres humanos por estarem cativos.

Foto: Reprodução | EPA

Sofrimento emocional

O sofrimento dos animais selvagens e silvestres aprisionados nos zoológicos ucranianos é foco de uma importante reportagem do The New York Times. Animais de grande porte, como o elefante-asiático Horace, estão vivendo à base de sedativos. Zebras estão presas em pequenos cercados e se debatem em desespero quando escutam os sons das bombas.

A lêmure Maya, que acabou de dar à luz um bebê, abandonou o próprio filhote em razão do estresse. Após 10 dias de confronto, os suprimentos estão acabando e não há nenhuma expectativa de conseguir retirar os animais que, além de serem privados de sua liberdade para entreter seres humanos, se tornaram alvos fáceis e correm risco iminente de morte.

A guerra está cada vez mais próxima da capital ucraniana e o zoo de Kiev está sob a mira de bombardeios. Os animais aprisionados no local estão exibindo de forma cada vez mais nítida sinais de sofrimento emocional. Eles ficam encolhidos, apreensivos e buscam locais para se esconder. Tiros são disparados de manhã até à noite.

Foto: Reprodução | Reuters

Os animais menores estão sendo mantidos em bunkers, mas animais de grande porte, como elefantes e girafas, ainda estão na superfície e sentem todos os efeitos colaterais da guerra. O diretor do zoo, Kyrylo Trantin, afirma não saber o que fazer. “Eles não têm espaço para se esconder ou correr. Uma vez que estão fora do zoológico, eles têm menos opções do que qualquer humano”.

Na cidade de Kharkiv, o Feldman Ecopark foi atingido por bombas e macacos e veados morreram. O zoo de Kiev ainda não foi atacado, mas sofre com a tensão dos confrontos. Um santuário fora de Kiev conseguiu transferir leões, tigres e outros animais menores para um zoo na Polônia até o fim dos conflitos. No entanto, grandes animais, como ursos, ainda estão em risco.

O zoo de Kiev afirma que teme pelos animais herbívoros, que precisam de alimentos frescos. Muitos funcionários estão recolhendo legumes e verduras de hortas locais, mas não na quantidade suficientes que grande animais, como elefantes, precisam diariamente. O bebê lêmure abandonado pela mãe está sobrevivente com leite artificial.

Trantin afirma que, infelizmente, a única coisa a ser feita é esperar.

Nota da Redação: zoológicos e outros locais que aprisionam animais devem ser completamente extintos. Casos como os zoos da Ucrânia servem para alertar a população mundial sobre a injustiça e crueldade escondida atrás de zoológicos e outros locais que mantém animais em cativeiro apenas para divertimento humano. É preciso clarear a consciência para entender e respeitar os direitos animais. Eles não são objetos para serem expostos e servirem ao prazer de seres humanos. As pessoas podem obter alguns minutos de entretenimento, mas para eles é uma vida inteira de exploração e abusos condenados pelo egoísmo humano.

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