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A angústia dos ursos forçados a andar de bicicleta e jogar basquete em shows de circo

4 de abril de 2017
7 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: PETA/Daily Mail

Ursos pardos amordaçados e presos a uma trela são obrigados a andar de bicicleta e passear em círculos em terríveis shows de circo acompanhados por crianças acompanhadas de seus pais.

Caso os animais façam algo errado, adestradores os espancam com uma vara longa a fim de obrigá-lo a executar os truques previstos nos espetáculos.  Um majestoso urso de 200 quilos, vestido com um colete de lantejoulas vermelhas e douradas, é forçado a equilibrar-se desconfortavelmente em um barril, antes de ser conduzido pelas patas dianteiras e ter que caminhar cuidadosamente em uma escada de uma plataforma elevada.

As cenas antinaturais parecem reminiscências de um show realizado em uma feira medieval, mas ocorrem na América moderna.

Foto: PETA/Daily Mail

Estes ursos foram vistos recentemente executando truques no Shrine Circus em Lincoln, Nebraska (EUA).

As imagens perturbadoras, capturadas em uma investigação conjunta do DailyMail e da PETA revelam a Castle Hall Performing Bears, uma empresa que explora ursos para entretenimento em todo o Ocidente.

O James Cristy Cole Circus, que está por trás do evento, produz o show para a Shriners International, que usa o cruel espetáculo com ursos para arrecadar dinheiro para hospitais infantis.

Grupos de direitos animais ficaram horrorizados com o show de ursos e acreditam que, se as crianças doentes beneficiadas pelo circo soubessem da crueldade por trás disso, elas também teriam a mesma reação.

O show – parte de um evento cujo bilhete custa US$ 17 e que também inclui a exploração de elefantes e tigres – inicia com dois ursos pardos sendo levados para a arena do circo na parte de trás de um carro ao lado dos adestradores James Hall, 65 e sua esposa Tepa, 55.

Foto: PETA/Daily Mail

Além de andarem de bicicleta, se equilibrarem em um barril e fazer paradas de mão em uma escada, os ursos também jogam uma bola de basquete, se equilibram em bolas de praia gigantes, sentam-se em cadeiras de braço, ficam na ponta do pé, aplaudem e dançam – todos esses são truques humanos projetados para entreter multidões.

As centenas de espectadores em Lincoln sorriram e aplaudiram conforme os ursos seguiam os comandos de seus instrutores – eventualmente mostrando sua aprovação com aplausos sincronizados no final da performance.

Porém, longe dos sorrisos, está a realidade sinistra das vidas miseráveis dos animais forçados a realizar truques e que são mantidos em estreitas jaulas durante a maior parte do dia.

De acordo com um especialista em ursos e em comportamento animal, a vida em um circo é a pior existência possível para esses animais. Jason Pratte analisou as imagens do circo e disse: “Esses shows com ursos não querem que as pessoas vejam como os ursos são mantidos”.

Foto: PETA/Daily Mail

“Na melhor das hipóteses, os recintos dos ursos são pequenos,  eles geralmente têm um piso duro, não têm exposição a elementos naturais. Ursos adoram a terra, cavar, são altamente interativos com seu ambiente. Com um ambiente estéril e as viagens, não podem expressar sua série de comportamentos genéticos normais”, esclareceu.

Pratte diz que os truques que os ursos executam, como andar em suas patas dianteiras ou mesmo sentar-se em cadeiras, causará trauma em longo prazo sobre nervos, espinhas e os músculos dos animais.

Ao serem puxados por uma corrente, eles também podem ter lesões físicas “agudas e crônicas” nas orelhas e no pescoço.

“Esses tipos de sacudidas constantes possuem um impacto sobre as vértebras cervicais, o sistema nervoso, os ligamentos, é possível ver a dor permanente, possíveis problemas de artrite, tensão e estresse. Esses são os efeitos físicos de serem forçados a ficar em posições não naturais”, explica.

“É antinatural para eles, que são forçados a se contorcer nessas posições, é doloroso e desconfortável. Entretanto, se eles se recusam a fazer isso, são obrigados por adestradores que carregam um chicote ou usam uma focinheira para arrastá-los”, acrescenta.

Pratte, que é um especialista em comportamento e bem-estar animal independente com 25 anos de experiência, trabalhou com todas as oito espécies de ursos e é consultado regularmente pela PETA sobre questões de bem-estar animal.

Segundo ele, os ursos vivem um estilo de vida tranquilo e solitário longe de luzes brilhantes e de barulhos.

“Os treinadores estão dando voltas em motocicletas, há fumaça na sala, o público está torcendo, há a presença de elefantes e grandes carnívoros que naturalmente seriam territoriais, não há nada sobre essa situação que coloca qualquer animal com um bem-estar psicológico em longo prazo. Isso me revolta e me entristece muito. Esta é uma questão humana, truques humanos para o benefício humano, é exploração para ganhar dinheiro, não há nada sobre isso que é benéfico para os ursos”, diz.

Foto: PETA/Daily Mail

O James Cristy Cole Circus, que produz o show para o Shriners, geralmente fornece 16 atos com muitos animais em um programa de duas horas.

Uma hora antes de cada show, os pais e as crianças podem entrar na arena para passear com pôneis e elefantes.
O Shriners International é uma sociedade que possui em torno de 350 mil membros de 195 templos nos EUA, Canadá, Europa, Austrália e em várias outras nações. A organização é mais conhecida pelos hospitais infantis que administra.

A PETA se ofereceu para providenciar a transferência dos ursos para um santuário e pediu ao Shriners International e ao James Cristy Cole Circus que não explorassem animais no futuro.

“Arrastar ursos sensíveis de cidade em cidade e para um show de circo deveria ter acabado na Idade das Trevas”, disse Brittany Peet, diretora da Fundação PETA para a aplicação da lei de animais em cativeiro.

“É tão arcaico vestir esses animais enormes, inteligentes e sociais com fantasias e colocar correntes nos seus pescoços e forçá-los a fazer truques confusos como andar em suas patas dianteiras e de bicicleta. Estes são animais, que na natureza possuem centenas de quilômetros, são ativos por até 18 horas por dia fazendo coisas como caminhar, explorar, cavar, procurar alimentos. Em circos como o Castle’s, eles são confinados em minúsculas jaulas de transporte e mal podem se virar”, adicionou.

Foto: PETA/Daily Mail

Peet diz que a PETA recebeu imagens semelhantes de outro show com ursos da empresa, no qual uma das urnas urinou sobre si mesma duas vezes, exibindo sinais claros de angústia.

“Quando a ursa urina sobre si mesma, isso corresponde ao estímulo de ser forçada a andar sobre as mãos – ela urinou devido à angústia. Nesses vídeos ouve-se muita música e uma multidão barulhenta e essas são coisas que são inerentemente aflitivas e assustadoras para um urso”, explicou.

A PETA acredita que a única maneira de acabar com esses shows perturbadores é incentivar as pessoas a não financiá-los.

“Se as pessoas continuarem comprando ingressos para esses espetáculos cruéis, animais como estes continuarão sendo maltratados”, afirma Peet, acrescentando que acredita que a opinião pública finalmente está se transformando.

“Isso se reflete no fato de que o circo Ringing Brothers está fechando, o SeaWorld encerrar os shows de orcas e o Aquário Nacional enviar golfinhos para o primeiro santuário à beira-mar. As pessoas não querem mais ver os animais explorados desta maneira”, complementa.

Na página do Facebook do James Cristy Cole Circus, há mensagens que condenam o uso de ursos nos shows.
Rey Munique escreveu: “Este equipamento, obviamente, treina esses animais com crueldade … uma ursa estava tão estressada em um show que urinou em si mesma! Esse comportamento é sinônimo de ABUSO! A consciência está sendo difundida sobre esta farsa, exploradora. Vergonha de vocês … animais não são ferramentas para serem abusados e usados para diversão!”.

Outro usuário, Jaime Perez, escreveu: ‘Vocês precisam fechar! Seus animais vivem com medo e terror. Façam a coisa certa e enviem todos os animais para um bom santuário. Há alternativas melhores do que usar animais vivos!!”.

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