Centenas de filhotes de andorinhões morreram no sul da Espanha, depois de deixarem os seus ninhos prematuramente, como uma tentativa de escapar das temperaturas extremas durante uma das maiores ondas de calor já registradas no país.
Segundo ecologistas, no final da semana passada algumas discussões vieram a tona para os cuidados com as espécies protegidas, depois que moradores de Sevilha e Córdoba notaram dezenas de pássaros recém-nascidos espalhados pelas calçadas.
“Você andava na rua e havia 100 filhotes, deitados ao pé de um prédio, alguns morrendo e outros quase sem vida”, disse a bióloga Elena Moreno Portillo, da Ecourbe, associação sevilhana dedicada à conservação em áreas urbanas.
A Ecourbe e outras organizações apontam os casos devida as temperaturas extremas, sendo a primeira onda de calor da Espanha em mais de 40 anos e que coincidiu com a época de incubação de andorinhões.
Estas aves constroem os seus ninhos nas fachadas dos edifícios ou nas cavidades dos telhados, deixando apenas uma pequena fenda aberta para o exterior. “Nossas construções geralmente são feitas de placas de concreto ou metal e estas ficam muito quentes. Então vira um forno e os filhotinhos, que ainda não podem voar, saem correndo porque não aguentam a temperatura lá dentro. Eles estão literalmente sendo cozidos”, disse Moreno Portillo. “
À medida que o termômetro subia nos últimos dias, pairando em torno de 42°C em Sevilha e Córdoba, voluntários em ambas as cidades começaram a se reunir em torno de colônias, resgatando o máximo de filhotes desidratados e desnutridos que podiam encontrar. Mais de 400 dessas aves foram levadas para o centro estatal de recuperação de espécies ameaçadas na esperança de que sejam tratadas possam estar de volta à seus habitats.
Moreno Portillo estimou que milhares de andorinhões, a maioria da espécie andorinhões pálidos, foram forçados a sair de seus ninhos pelo calor na Andaluzia. Em Madri, o centro de aves Brinzal disse que também está tratando dezenas de filhotes de andorinhões que tentaram escapar do calor.
Ecologistas na Andaluzia encontram muitos andorinhões que deixaram seus ninhos prematuramente, disse Moreno Portillo. Mas como as temperaturas do verão chegam cada vez mais cedo na península, a agência meteorológica do país diz que o verão agora começa 20 a 40 dias antes do que há 50 anos, sendo que esse fenômeno está se tornando mais comum.
“Está mais habitual e estamos vendo números maiores de animais em risco. Neste caso, um atraso de semanas poderia ter feito a diferença. Até meados de julho, é provável que muitas dessas aves tenham conseguido voar. Mas eles foram pegos de surpresa pela onda de calor e não tiveram tempo”, disse ela.