A Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), receberá apoio financeiro neste ano para dois projetos de conservação e pesquisa dos mamíferos aquáticos da Amazônia que, atualmente, sofrem com a caça. São eles: o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis), o boto-vermellho ou cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis).
A organização foi contemplada com o “Edital de Apoio a Projetos” da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O recurso destinado ao peixe-boi será por meio do “Projeto Educação Ambiental: Estratégia de conservação do Peixe-boi-da-amazônia nas comunidades ribeirinhas e alunos das escolas no município de Manacapuru – Amazonas”.
“Esse financiamento da Fundação Boticário vai nos ajudar a expandir as nossas ações para as escolas da área do município de Manacapuru como parte do Programa de Educação Ambiental junto às comunidades ribeirinhas inseridas na área de reintrodução de peixes-bois da Amazônia. Trabalharemos não apenas com os alunos, mas também com os professores que poderão se tornar agentes multiplicadores na luta pela preservação ambiental desse mamífero aquático, endêmico de nossa região”, explica a coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental da Ampa, Gália Mattos.
Esse projeto irá subsidiar a terceira edição do Programa de Reintrodução de peixes-bois-da-amazônia. Nessa edição, iniciada em 2011, três exemplares da espécie foram translocados, no mês de outubro, para um ambiente de semi-cativeiro no município de Manacapuru, distante da capital amazonense 68 km, para se readaptarem às condições naturais do ambiente. Durante o período em que os animais ficarão no semi-cativeiro, serão realizadas atividades de conscientização ambiental, por meio do Projeto recém aprovado. A proposta, segundo pesquisadores, é fazer desse local uma “Comunidade amiga do Peixe-boi”.
Conservação dos golfinhos
Pesquisas realizadas por cientistas do Inpa, através do Projeto Boto, mostram que a população de boto-vermelho vem diminuindo 10% ao ano, em algumas regiões da Amazônia. Uma das razões para essa redução, segundo estudos realizados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), distante de Manaus cerca de 700 km, é o aumento da matança para a pesca da piracatinga (Callophysus macropterus), peixe necrófago conhecido como “urubu d’água”.
Por essa razão, a Ampa, em parceria com o Inpa, criou o Projeto de Pesquisa: “Nova ameaça aos golfinhos da Amazônia: Analisando a utilização do boto-vermelho e do tucuxi como isca na pesca da piracatinga”.
O projeto, que será também financiado pela Fundação Boticário, tem o objetivo de caracterizar a pesca da piracatinga na região de Manacapuru e Beruri, incluindo a RDS Piagaçu-Purus, avaliando como e com que quantidade se dá a utilização dos golfinhos e as implicações desta atividade para a conservação das populações neste local.
Estão previstas como ação deste projeto, além das atividades de campo para caracterizar a pesca, a contratação de comunitários para auxiliar o monitoramento, eventos de Educação Ambiental e palestras sobre os golfinhos em pelo menos 10 comunidades da região.
“Essa verba será usada na área da RDS Paigaçu-Purus, onde existe grande atividade de pesca de piracatinga há muitos anos, mas nenhum estudo sistemático em relação ao uso dos golfinhos como isca nesta atividade. Um projeto anteriormente financiado pela mesma instituição nos permitiu verificar que a pesca da piracatinga ameaça seriamente as populações do boto-vermelho no Médio Solimões e provavelmente encontraremos a mesma situação no baixo Rio Purus. Os resultados deste novo projeto nos trará mais informações a respeito desta modalidade de pesca que, apesar de recente, vem sendo amplamente praticada, assim como, irá nos ajudar a propor ações para a conservação dos golfinhos da Amazônia na área”, ressalta a colaboradora da Ampa e idealizadora do projeto, Sannie Brum.
Ampa
A Ampa é uma organização não governamental que surgiu da necessidade de promover atividades de proteção, conservação, pesquisa, manejo do peixe-boi e de outros mamíferos aquáticos existentes na Amazônia: lontra neotropical (Lontra longicaudis), ariranha (Pteronura brasiliensis), tucuxi (Sotalia fluviatilis) e boto-vermelho (Inia geoffrensis).
A Associação, criada em 2000, é conveniada ao LMA do Inpa, em Manaus (AM), e ao Centro de Preservação e Pesquisa dos Mamíferos Aquáticos (CPPMA), em Balbina (Presidente Figueiredo/AM), e é patrocinada pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Fonte: EPTV