Um macho adulto de 130 quilos e mais de um metro de comprimento, da espécie tartaruga-cabeçuda, foi encontrado na praia de Las Toninas, na região de Buenos Aires, em outubro. Na última quarta-feira, o animal, ameaçado de extinção, foi devolvido ao mar após três semanas de tratamento intensivo.
Natalia Nicolás estava fazendo sua caminhada matinal quando viu ao longe um grande caroço preto na areia. Ao se aproximar, percebeu que era uma tartaruga gigante.
“Fiquei desesperada porque vi que ela estava machucada e precisava de ajuda. Por causa da minha atividade nas redes sociais, comecei a fazer vídeos pedindo ajuda e decidi ficar com a tartaruga até ter certeza de que ela estava em boas mãos”, disse a mulher de 46 anos.
A tartaruga foi resgatada pela fundação Mundo Marino, em San Clemente de Tuyú, onde foi submetida a estudos e uma série de tratamentos médicos. Depois de três semanas, foi levada de volta ao seu habitat.
“Pela nossa experiência, quando uma tartaruga marinha aparece encalhada na praia, já nos indica que o animal está passando por algum quadro patológico. Principalmente quando se trata de um macho, como foi o caso, visto que uma vez que os machos nascem e entram no mar, não voltam a sair. O caso das fêmeas é diferente, pois sempre voltam para desovar na praia onde nasceram”, explica Juan Pablo Loureiro, veterinário e diretor técnico da Fundação Mundo Marino, ao LA NACION.
A tartaruga entrou na fundação com fraqueza generalizada, quase sem sinais vitais, informou a equipe. Segundo Loureiro, o animal permaneceu dias sem se alimentar, mesmo sob tratamento. A instituição afirma que, sem tratamento, a tartaruga não teria sobrevivido.
O estado geral de vulnerabilidade das tartarugas cabeçudas deve-se em parte à captura acidental, ou seja, quando animais como este ficam presos em redes de pesca de arrasto, destaca a Fundação Mundo Marino.
“Como têm respiração pulmonar, se ficarem presos numa rede de pesca podem afogar-se ou sofrer síndrome de descompressão devido a mudanças bruscas na pressão da água”, sustentam. “Também são afetados pela poluição das águas, principalmente pela presença de plástico, que em alguns casos consomem por engano.”
O tratamento
A tartaruga entrou nas instalações do Mundo Marino sem capacidade de reagir aos estímulos e com uma ferida no casco já cicatrizada.
“Como presumimos que ele não era alimentado há algum tempo, primeiro procedemos à hidratação subcutânea com soluções de glicose e sais. Depois, uma vez estabilizado, colhemos uma amostra de sangue que, embora apresentasse parâmetros sanguíneos normais, apresentava níveis baixos de glicose e proteínas. Esses dados nos confirmaram que o animal não estava se alimentando”, explicou Juana Caferri, médica veterinária.
Como tratamento de suporte geral foram administrados antibióticos e anti-inflamatórios. Passados os primeiros dez dias de reabilitação, o animal começou a comer sozinho, apresentando “boa atitude alimentar e comportamental”, além de natação adequada.
Fonte: O Globo