O número de botos vaquita, o menor mamífero marinho do mundo, que está ameaçado de extinção, diminui e acendeu o alerta para os pesquisadores. Em uma expedição realizada entre 5 e 26 de maio deste ano no Golfo da Califórnia, próximo ao México, único local onde a espécie vive, foram avistados entre 6 e 8 indivíduos. No ano passado, uma missão semelhante encontrou entre 8 e 13 no local.
Segundo o grupo conservacionista Sea Shepherd, responsável pelo trabalho, o mais preocupante é que nenhum filhote foi visto desta vez – apenas um animal de um ano. Mas um ponto a se considerar é que a busca mais recente não foi tão extensa quanto a de 2023, tendo ficado concentrada apenas na área protegida do Golfo, onde toda a pesca é proibida. Anteriormente, metade dos avistamentos ocorreram fora e a oeste dessa região.
Reportagem publicada pela NBC News destaca que, por serem pequenas e evasivas, muitas vezes as vaquitas só podem ser vistas de longe através de binóculos poderosos e, por conta disso, seus avistamentos são categorizados como improváveis.
“Havia uma probabilidade de 75% de que o número total de indivíduos diferentes vistos estivesse entre 6 e 8, com uma probabilidade de 25% de que entre 9 e 11 indivíduos foram vistos. A estimativa de 2024 é inferior aos 8-13 estimados observados em 2023 numa área semelhante. Todos os indivíduos avistados em 2024 pareciam saudáveis”, relataram os pesquisadores.
Os animais também emitem “cliques” que podem ser ouvidos por meio de aparelhos de monitoramento acústico. O problema é que pescadores começaram a remover os dispositivos usados para gravar esses cliques, conforme consta em um relatório da Sea Shepherd publicado em 2023.
No estudo mais recente, foi observado que o boto acaba preso em redes de pesca, jogadas pelos pescadores para capturar o totoaba, um peixe que possui um órgão chamado bexiga natatória, com supostas propriedades curativas, muito consumido na China.
Embora o governo mexicano tenha feito alguns esforços para impedir a pesca com redes, os pescadores ainda parecem ter vantagem, lançando regularmente redes ilegais e até sabotando os esforços de monitorização, enfatiza a NBC News.
“As vaquitas enfrentam uma séria ameaça de extinção devido às perigosas redes de emalhar no seu habitat e à aplicação negligente das regulamentações de proteção por parte do governo mexicano”, apontou Alex Olivera, representante do Centro para a Diversidade Biológica no México.
Ele, que não fez parte da expedição da Sea Shepherd, acrescentou que a espécie se reproduz tão lentamente que a recuperação é impossível sem ajuda, e a sua própria sobrevivência permanece em sérias dúvidas. O especialista ainda estimou anteriormente que “mesmo num habitat sem redes de emalhar, levará cerca de 50 anos para a população regressar ao ponto onde estava há 15 anos”.
Fonte: Um Só Planeta