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Ambientalista monta acampamento para defender ovos de tartaruga em Boa Viagem (PE)

31 de janeiro de 2011
2 min. de leitura
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Uma verdadeira força-tarefa está montada na praia de Boa Viagem, no Recife (PE), para defender o local de desova de uma tartaruga marinha. O animal depositou seus ovos numa área próxima à Padaria Globo – uma das áreas mais movimentadas da praia – na sexta-feira passada. Além de duas equipes da Brigada Ambiental da Guarda Municipal, um voluntário do Ibama resolveu literalmente acampar ao lado do ninho onde a fêmea de tartaruga verde (Chelonia mydas) enterrou cerca de 150 ovos.

Há 23 anos trabalhando voluntariamente no combate aos maus-tratos aos animais, Adriano Artoni, de 41 anos, prometeu passar os dias (e noites) dentro de uma barraca de 4 metros quadrados, contando apenas com lanches, água e um binóculo, que o ajuda a monitorar as marés e a possível aparição de novos quelônios na região.

“É uma forma de pressionar as autoridades para que essa vigilância da brigada seja constante. São entre 45 e 60 dias para o nascimento dos filhotes, então é necessário defender o local”, explica.

Somente em caso de haver um monitoramento constante da região é possível ter boas perspectivas em relação à sobrevida dos filhotes (para que eles sejam chocados corretamente, é necessário que os ovos não sejam manipulados nem arrastados pelo mar).

No caso de risco à integridade dos ovos, contrário, o Ibama pode solicitar o auxílio do Projeto Tamar, com sede nas praias de Pipa (RN) e de Fernando de Noronha (PE), para transportar todos os ovos a uma praia mais deserta. Segundo o guarda da Brigada Ambiental Pablo Fontes, as tartarugas verdes crescem e depois de 20 anos voltam ao local onde nasceram para desovar. “Esta, por exemplo, com certeza nasceu no Recife. É preciso pensar justamente em como a área estará daqui a 20 anos. A área é muito movimentada, não oferece muita segurança”, explica.

Nos próximos dias, técnicos do Ibama e do Projeto Tamar estarão no local para avaliar os riscos aos quais os ovos estão submetidos para, somente então, decidir se haverá necessidade do transporte. Enquanto isso, a área continua isolada. Banhistas ou comerciantes que atuam na região que invadirem o espaço ou causarem danos indiretos à ninhada podem responder por crime ambiental, cuja pena varia de 6 meses a 1 ano de reclusão, conforme lei municipal nº 9.605.

Perigo – Além da ação individual, uma outra questão pode estar atrapalhando a reprodução de tartarugas marinhas nas prias urbanas de Pernambuco. Desde a semana passada, tratores vêm circulando na faixa de areia de Boa Viagem a Piedade para a realização de obras urbanísticas.

Somente em janeiro, os veículos trabalharam em três pontos de desova de tartaruga – dois no Recife e um em Jaboatão dos Guararapes. No entanto, apenas o primeiro deles, o da Padaria Globo, está devidamente isolado e identificado, o que reduz a possibilidade de destruição dos ovos.

Fonte: Diário de Pernambuco

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