A floresta amazônica perdeu 3.360 km² nos cinco primeiros meses de 2022, maior valor registrado para o período em 15 anos de monitoramento. A área corresponde a cerca de 2.000 campos de futebol de mata nativa desmatados por dia. Os dados são do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Em 2021, o desmatamento acumulado para o período entre janeiro e maio foi de 3.088 km². Já em 2020, o total desse intervalo de meses foi bem menor, 1.740 km².
No mês de maio de 2022, foi registrado o desmatamento de 1.476 km², correspondendo a 44% do total de área perdida nos cinco primeiros meses do ano. Esse valor é o pior para esse mês nos últimos 15 anos.
O estado que registrou maior desmatamento nesse intervalo de meses em 2022 foi o Amazonas, onde foram perdidos 553 km², 38% do total de desmate no Brasil no período. No ano passado, esse valor foi de 264 km² –ou seja, o desmatamento no estado mais que dobrou em 2022.
Outro estado que também registrou desmatamento alto foi o Pará, com 471 km². Segundo o Imazon, um grande problema do estado é a devastação em unidades de conservação (UCs) e em terras indígenas (TIs). O instituto afirma que 6 das 10 UCs e 4 das 10 TIs mais desmatadas da floresta ficam no Pará.
O SAD utiliza imagens de satélites para monitorar mensalmente a degradação ou o desmatamento da Amazônia. O sistema identifica a degradação na floresta por meio de danos que ocorrem no solo em razão de atividades de madereiros ou de fogo. Já o desmatamento é observado quando ocorre o corte raso da floresta, algo comumente associado à pecuária, agropecuária ou garimpo.
Números preocupantes de desmatamento da floresta amazônica já foram registrados também recentemente por outras organizações que monitoram a região. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontou que em maio de 2022 houve quase 900 km² de desmatamento –um número menor, portanto, que aquele observado pelo Imazon.
Segundo os dados do Inpe, a área de desmatamento foi a segunda maior para o mês de maio em comparação a série histórica, que começou em 2015/2016.
Além disso, recentemente o Brasil foi apontado como líder na perda de florestas tropicais no mundo em 2021. Sozinho, ele respondeu por 40% da derrubada registrada, segundo dados da Global Forest Watch, ferramenta da organização não governamental WRI (World Resources Institute) em parceria com a Universidade de Maryland, nos EUA.
No total, os dados indicaram que o desmatamento dessas florestas no ano passado foi de 37,5 mil km² em todo o mundo, sendo que o Brasil registrou cerca de 15 mil km² desse total.
Fonte: Folha de SP