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AGRESSÃO

Amazona britânica é banida dos Jogos Olímpicos após divulgação de vídeo em que ela chicoteia cavalo 24 vezes

ONG utilizou caso como exemplo para pedir que o Comitê Olímpico Internacional acabe com os esportes envolvendo cavalos nas Olimpíadas  

24 de julho de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Dujardin durante competição em 2021. Foto: Steinfurth | Wikimedia Commons

A amazona britânica Charlotte Dujardin, de 39 anos, foi banida dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 devido a divulgação de um vídeo onde ela chicoteia um cavalo 24 vezes. A agressão aconteceu durante uma sessão de treinamento com uma jovem amazona em um estábulo privado alguns anos atrás.

O advogado holandês Stephan Wensing, que representa a jovem que fez a denúncia oficial contra Dujardin, disse estar satisfeito que a Federação Internacional de Esportes Equestres (FEI) tenha tomado uma posição tão firme. “Charlotte Dujardin estava no meio da arena”, disse ele. “Ela disse à aluna: ‘Seu cavalo deve levantar mais as pernas no galope.’ Ela pegou o chicote longo e estava golpeando o cavalo mais de 24 vezes em um minuto.”

Dujardin, que era uma das principais candidatas a ser porta-bandeira da equipe britânica na cerimônia de abertura, retirou-se dos Jogos na tarde de terça-feira (23/07), horas antes da FEI confirmar que ela havia sido provisoriamente suspensa por seis meses.

Além disso, Dujardin foi destituída como embaixadora da Brooke, uma ONG britânica pelos direitos dos cavalos e burros. “Ficamos profundamente perturbados ao saber sobre este vídeo. Nossa ética é baseada em bondade e compaixão pelos cavalos, e ver o oposto disso de alguém com um perfil tão alto é além de decepcionante. Nunca pode haver justificativa para maltratar animais”, disse a organização em pronunciamento.

O incidente levou o grupo de direitos dos animais PETA a pedir que todos os eventos equestres fossem banidos dos Jogos Olímpicos. A vice-presidente sênior da PETA nos EUA, Kathy Guillermo, diz que o vídeo sugere uma tendência mais ampla de abuso de animais e que é hora do Comitê Olímpico Internacional (COI) intervir.

“A mensagem para o COI deve ser clara agora: remover eventos equestres dos Jogos Olímpicos”, disse ela. “Mais uma vez, uma amazona olímpica foi flagrada em vídeo abusando de um cavalo para forçar o animal a se comportar de maneira totalmente antinatural, simplesmente para sua própria glória. Cavalos não se voluntariam – eles só podem se submeter à violência e coerção. É hora de os Jogos Olímpicos entrarem na era moderna.”

O pentatlo moderno já decidiu que o elemento equestre será eliminado do esporte nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028, depois de ser fortemente criticado em Tóquio.

Naquele ano, a competidora alemã Annika Schleu, que estava na posição de medalha de ouro antes do salto, foi vista em lágrimas depois que seu cavalo, Saint Boy, se recusou a saltar os obstáculos. A treinadora alemã Kim Raisner, que foi vista golpeando Saint Boy, foi mandada para casa de Tóquio e a UIPM, federação do pentatlo, prometeu conduzir uma revisão completa, além de disciplinar Raisner.

Nota da Redação: Hipismo e outros esportes que exploram cavalos, muitas vezes colocam a glória e o sucesso humano acima do bem-estar e dos direitos animais. Apesar dos altos padrões que as organizações reguladoras dizem ter, casos recorrentes de maus-tratos sugerem uma cultura subjacente de exploração e abuso.

É indiscutível que repensemos a inclusão desses esportes em competições globais. A modernização dos Jogos Olímpicos e outros eventos esportivos deve incluir uma reavaliação crítica da exploração de animais para entretenimento e competição, promovendo um futuro onde o respeito e a compaixão prevaleçam.

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