*Por Rosana Gnipper (da Redação)
Surpreendida pela matéria postada pelo jornal O Estado de S. Paulo, no último dia 4 de julho de 2009, que incentiva o aluguel de cães para guarda de imóveis, sinto-me na obrigação de me manifestar a respeito.
Esta prática invadiu a cidade de Curitiba (PR) e se firmou como uma das mais cruéis formas de exploração de cães, já vista nesta cidade. Travestidas de empresas que oferecem serviço de segurança patrimonial, essas instituições violam todos os princípios éticos no relacionamento das pessoas com os animais, particularmente os cães de grande porte, os cães que são tidos como os melhores amigos do ser humano, amigos fiéis, animais considerados de estimação.
Qual é o trato que se dá a quem se estima? A solidão? A indiferença? A falta de assistência? A falta de alimento e água? A falta de uma identidade? A falta de um abrigo? A falta de atenção e carinho? Começam aí os sinais dos maus-tratos aos animais envolvidos nessa atividade, considerada como uma boa opção pela equipe responsável pela matéria no jornal. E na sequência da crueldade e da exploração os animais, na medida em que vão ficando sem energia para lutar pela própria sobrevivência, são descartados pois não servem mais, não mostram mais “os dentes afiados, a cara feia e a irracionalidade de um cachorro bravo…”.
Além do dano ambiental pelos maus-tratos cometidos diariamente aos animais explorados, esta prática gera dano social na medida em que estimula o desemprego. Cria problemas sanitários em função de lugares imundos a que os animais são obrigados a viver, pela falta de limpeza e higiene diárias. Gera insegurança nas pessoas e vizinhos dos locais onde permanecem “trabalhando”, pois no desespero da fome e da solidão pulam muros, arrebentam portões e se atiram nas ruas em situação de desespero, muitas vezes querendo apenas carinho e atenção, porém causando temor justamente por serem cães de raça consideradas agressivas e violentas.
Felizmente, depois de alguns anos de investimento nas denúncias dos casos de maus-tratos, conseguiu-se a aprovação de lei municipal proibindo a atividade no município de Curitiba e, mais recentemente, a proibição se estendeu para todo o estado do Paraná.
Na contramão da história, São Paulo, que neste momento cria campanhas massivas pedindo respeito aos animais, não pode se calar e aceitar que esse tipo de atividade exploradora se fortaleça a ponto de fazer a população pensar que estará mais segura se tiver um cão alugado tomando conta de seu patrimônio.
Alugar cão NÃO é opção… É exploração!