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AVANÇO

Alternativas da indústria farmacêutica para aposentar de vez os cruéis testes com animais

17 de agosto de 2022
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Foto: Slyfox | Unsplash | Reprodução

O uso dos testes em animais pode estar chegando ao fim –pelo menos na indústria farmacêutica. Pesquisadores já identificam falhas nesse modelo, especialmente nos desafios para comprovar a eficácia de medicamentos contra o câncer, mostrou reportagem do jornal britânico Financial Times.

O estudo de remédios oncológicos já encontrou um possível substituto mais eficaz: são os chamados organoides, estruturas em 3D cultivadas in vitro semelhantes ao tecido primário retirado de pacientes com câncer.

Pesquisas indicam que esses materiais têm até 80% de sucesso em prever a eficácia de um medicamento. Os testes em animais têm apenas 8% de precisão.

O uso desse método comprovou a eficácia de um medicamento da Lift Biosciences, com sede em Cambridge. A farmacêutica testou antes em camundongos, mas o remédio não funcionou. O motivo: os glóbulos brancos dos animais consumiram a terapia antes mesmo que ela começasse a funcionar. Quando testado em organoides, porém, a droga “destruiu completamente” o câncer.

Testes com animais são usualmente feitos na testagem de medicamentos antes que eles passem para a fase de testes clínicos, num cenário de muita crueldade e exploração animal.

O que já existe

Os organoides integram o novo campo chamado MPS, ou sistemas micro fisiológicos. Ali são cultivados a partir de células-tronco para criar tecido 3D parecido com os órgãos humanos, só que em miniatura.

Esses termos parecem novidade, mas não são tanto assim. Desde o início da pandemia, em 2020, a medicina viu esse material tecnológico ganhar espaço, especialmente no tratamento de doenças raras.

“Existem 7 mil doenças raras e apenas 400 estão sendo pesquisadas ativamente porque não há modelos animais”, disse James Hickman, cientista-chefe da Hesperos, uma empresa de organoides da Flórida. “Não estamos falando apenas de substituir ou reduzir o uso de animais devido aos maus-tratos, mas preencher um vazio onde não existem modelos de animais para a realização desses testes, sendo assim desnecessário causar todo o sofrimento nos animais”.

Ou seja, realmente não se trata apenas de uma lacuna científica mas, há a questão ética. Ativistas pelos direitos dos animais e ambientais pressionam a indústria para encerrar de vez a exploração animal nos testes em laboratório. A organização Cruelty Free International estima que existem mais de 100 milhões de testes e experimentos em animais no mundo, e pouca ou nenhuma mudança nos últimos anos.

Como afeta a indústria

O corte de gastos em pesquisa e desenvolvimento é uma possibilidade, e um chamariz que interessa à indústria. O uso de organoides no teste de medicamentos tende a afetar a produtividade das farmacêuticas em curto e médio prazo.

“Ao permitir testes em materiais biológicos, podemos ter resultados mais lucrativos dentro de cinco anos, o que seria transformador na lucratividade e nos custos das terapias”, disse o pesquisador de biotecnologia Mark Treherne.

Grandes indústrias, como a britânica AstraZeneca e a alemã Merck, já usam a tecnologia para testes. A AstraZeneca está usando organoides simples para prever a segurança de um remédio no cérebro e rins. Outro estudo prevê a criação de um modelo para o sistema imunológico.

O grupo Merck, por sua vez, decidiu em 2020 que eliminaria gradualmente os testes em animais. A empresa está usando organoides de forma limitada, além de tecidos animais e humanos para testar os efeitos dos compostos.

Fonte: Gizmodo

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