A onda de calor registrada no Brasil em plena primavera tem relação com as mudanças climáticas e veio para ficar. A constatação é do especialista Paulo Artaxo, professor da USP, integrante do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.
A maior parte das cidades brasileiras marcou mais de 35 ºC nos termômetros nos últimos dias. Em Cuiabá, no Mato Grosso, e em Lins, no interior de São Paulo, foram registradas temperaturas de 44º C e 43,6º C, respectivamente.
Em Minas Gerais, o INMET alertou para o risco de morte por hepertemia por conta do calor excessivo. E embora os especialistas não tenham previsões de temperaturas tão altas para o verão, é consenso que o tempo extremamente quente será registrado com maior frequência.
“Essas ondas de calor já atingiam principalmente o hemisfério norte, como na Califórnia, Europa, Sibéria. Elas eram menos comuns no hemisfério sul. Mas na Austrália, nesse ano, tivemos uma onda de calor muito forte e agora ela chegou ao Brasil central, com temperaturas acima de 36º C em mais de 50% do território brasileiro”, explicou Artaxo ao podcast ‘O Assunto’, da jornalista Renata Loprete.
“Não há dúvida, a ciência mostra claramente, essas ondas estão ficando mais intensas e mais frequentes. O Brasil estava de fora dessa rota e isso está tendo um impacto extraordinário sobre as pessoas. O aquecimento global está fazendo que o sistema atmosférico tenha mais energia do que há 40 atrás. Essa energia precisa ser dissipada de alguma maneira; uma das maneiras que o sistema tem para dissipar essa energia excedente é através de ondas de calor, furacões mais frequentes, é através desses eventos mais extremos”, completou.
Provocadas pela ação humana, as queimadas estão destruindo o Pantanal e a Amazônia. A estiagem e a baixa umidade do ar intensificam o fogo, que destrói a vegetação e mata milhares de animais carbonizados e asfixiados pela fumaça. O ar seco e o calor, que favorecem os incêndios, são causados pelo aquecimento global que, por sua vez, é intensificado pela devastação das florestas.
Segundo especialistas, as mudanças climáticas farão das ondas de calor um fenômeno mais comum nos próximos anos. As altas temperaturas registradas, de acordo com climatologistas e metereologistas, não tem precedentes históricos.
“Estamos tendo bem menos dias de frio do que há 15 anos, 20 anos atrás, estamos tendo invernos suprimidos e ondas de calor, com vários dias seguidos de calor, cada vez mais frequentes”, apontou Thomaz Garcia, meteorologista do Centro de Emergências Climáticas (CGE), à BBC.
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