A teoria é que o aquecimento global acelera o metabolismo dos animais
As mudanças climáticas podem reduzir a vida de centenas de espécies de anfíbios e répteis – é o que sugere novas pesquisas realizadas por membros das universidades públicas de Kingston (Canadá) e Belfast (Irlanda), e a Universidade de Tel Aviv (Israel). A teoria é de que o aquecimento global pode impactar o funcionamento interno dos animais e forçá-los a trabalhar mais para sobreviver, o que pode acelerar o envelhecimento e diminuir a expectativa de vida.
Esse pensamento é embasado na “teoria de taxa de vida” que defende que quanto mais rápida é a taxa metabólica de um indivíduo, menor a sua “vida útil”. Isso explica porque os sapos vivem apenas um mês e as baleias podem viver por séculos.
Para a realização da pesquisa, foram analisados dados de mais de 4.100 espécies de vertebrados terrestres em todo o mundo. Um total de 2.214 endotérmicos (sangue quente) e 1.886 ectotérmicos (sangue frio) foram comparados para entender o que afetou seu envelhecimento. Inicialmente os testes eram focados na taxa metabólica mas, no decorrer da pesquisa, foi possível observar que o fator principal era a temperatura ambiente. Assim, os pesquisadores propuseram outra informação à teoria, a de que quanto mais quente o ambiente, mais rápido o metabolismo de um animal.
Em publicação à revista cientifica bimestral Global Ecology and Biogeography, os pesquisadores escreveram que “as descobertas destacam o potencial do aquecimento acelerado, resultante do aumento atual das temperaturas globais, no impulsionamento de taxas de envelhecimento em ectotérmicos”. O estudo mostra, também, um gráfico complexo do impacto das mudanças climáticas nos anfíbios.
Daniel Pincheira-Donoso, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Pública de Kingston, acrescentou à publicação que as “descobertas podem ter implicações críticas para a compreensão de fatores que contribuem para extinções, especialmente nos tempos modernos, quando estamos enfrentando um declínio mundial da biodiversidade, com animais de sangue frio sendo particularmente ameaçados”.
Formado pela Universidade de Lincoln, Daniel Pincheira-Donoso é um líder mundial no estudo de répteis, especialmente os lagartos. Ele é especialista no uso de modelos teóricos para entender os animais de sangue frio do mundo, além disso, o trabalho de campo realizado na Cordilheira dos Andes o transformou em uma autoridade global quanto aos lagartos sul-americanos. Suas descobertas são utilizadas em estudos de eventos de extinção passados e futuros.
Em uma de suas pesquisas, Daniel abordou como os cinco eventos de extinção em massa na história da Terra moldaram a diversidade da vida no planeta. Foi a aplicação dessas duas áreas de especialidade ao fato de quase uma em cada cinco das 10 mil espécies de répteis estimadas do mundo estão ameaçadas de extinção que permitiu que os pesquisadores entendessem como as altas temperaturas podem afetar os ectotérmicos.
“De fato, se o aumento da temperatura ambiente reduz a longevidade, pode tornar essas espécies mais propensas a serem extintas à medida que o clima esquenta”, explica Gavin Stark ao site Daily Mail (14), principal autor da pesquisa e estudante de doutorado da Universidade de Tel Aviv. Para os cientistas, é fundamental que o entendimento sobre a ligação entre biodiversidade e mudança climática seja desenvolvido.
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