A falta de sinalização e o excesso de velocidade podem ser fatores que têm causado acidentes envolvendo animais silvestres nas rodovias estaduais. Poucos animais conseguem sobreviver ao acidente e muitos são encontrados mortos às margens das estradas de Mato Grosso. Os atropelamentos ocorrem no período noturno, quando as luzes confundem ou até paralisam os animais.
“É sempre importante frisar que o condutor respeite a velocidade permitida na via, que ele ande com atenção. Muitas vezes, com o excesso de velocidade, ele avista o animal, mas não consegue frear por que está em cima”, explicou a tenente do Batalhão de Trânsito, Darlene do Nascimento Paiva. Na MT-040, que liga a capital ao município de Santo Antônio do Leverger, distante 35 km, vários animais atropelados podem ser encontrados em poucos quilômetros de estrada.
A situação não é diferente na MT-060, no trecho que liga Várzea Grande, região metropolitana da capital, ao município de Poconé, a 104 km. Nessa rodovia, é comum ver filhotes de lobos e até felinos que não tiveram tempo de escapar dos veículos em alta velocidade. “Eu ando a 80 km por hora e nunca atropelei porque dá tempo para desviar”, ressaltou a advogada Nilza Bento.
As estradas não têm qualquer placa de sinalização para alertar os motoristas. “Percorro praticamente toda semana essa estrada e são poucos lugares que têm esse tipo de sinalização. Então é válido sim toda a campanha para a conscientização”, analisa o ciclista Sanner de Ramos.
Nas rodovias federais, o mesmo problema costuma acontecer. No último fim de semana, foram encontradas duas jaguatiricas. Um dos casos foi na BR-163, próximo a Sorriso, a 420 km da capital. Os animais silvestres que sobrevivem aos atropelamentos são conduzidos para o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde permanecem até se recuperarem. Só então eles são encaminhados para alguma unidade de conservação ou são levados de volta para a natureza.
“Algumas vezes a gente recebe até animais que foram atropelados, já recebemos lá de Chapada dos Guimarães, animais de grande porte, como anta, veados catingueiros. E, em geral, o impacto é bastante severo, […] até onde é possível a gente tenta a recuperação”, conta a doutora responsável pelo setor de animais silvestres do Hospital Veterinário da UFMT, Sandra Helena Ramiro.
Ela explica que muitas vezes, na ânsia de ajudar o animal, as pessoas podem acabar provocando outro acidente com o motorista que segue na mesma rodovia. Outro ponto mencionado por Ramiro é que o próprio animal, ainda com dor, pode causar algum ferimento à pessoa que está socorrendo. Dessa forma, destaca que a primeira coisa que dever ser feita é sinalizar a rodovia para mostrar que existe um problema e tentar entrar em contato com a Polícia Rodoviária Federal ou Polícia Ambiental da região, já que eles possuem equipamentos específicos para o resgate.
Fonte: G1