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IMPACTO

Alta no nível do mar pode acontecer mesmo com meta do Acordo de Paris, diz estudo

Pesquisadores evidenciam necessidade de limite mais rigoroso do que o estabelecido pelo Acordo de Paris para evitar catástrofe climática e humanitária nos próximos séculos

23 de maio de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Sarah Lee/Unsplash

O Acordo de Paris, assinado em 2015 por 196 países, estabeleceu a meta de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5 °C em relação ao período pré-industrialização. Porém, esse limite pode não ser suficiente, levando, ainda assim, à alta descontrolada do nível do mar. É este o cenário previsto por um estudo publicado nesta terça-feira (20/05) na revista Communications Earth and Environment.

A pesquisa sugere que a humanidade deve estabelecer um limite de temperatura ainda mais rigoroso: 1°C (ou menos) para evitar perdas significativas das camadas de gelo polares e impedir uma maior aceleração na alta do nível do mar.

O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Durham e Universidade de Bristol, no Reino Unido, junto de especialistas da Universidade de Massachusetts Amherst e Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos.

“Limitar o aquecimento a 1,5°C seria uma grande conquista e esse deve ser o nosso foco. No entanto, mesmo que essa meta seja atingida ou apenas temporariamente superada, as pessoas precisam estar cientes de que a elevação do nível do mar provavelmente se acelerará a taxas muito difíceis de se adaptar – taxas de um centímetro por ano não estão fora de questão durante a vida de nossos jovens”, alerta em comunicado o líder do estudo, Chris Stokes, professor do Departamento de Geografia da Universidade de Durham.

Os efeitos de um aumento de 1,5ºC

Para conhecer os impactos que um aumento de 1,5°C teria nas camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, os cientistas conduziram simulações matemáticas e revisaram períodos quentes passados, além de dados sobre observações recentes do balanço de massa da camada de gelo.

Com isso, eles concluíram que a perda de massa das camadas geladas de ambas as regiões quadruplicou desde a década de 1990. Atualmente, essas camadas perdem cerca de 370 bilhões de toneladas de gelo todos os anos.

À medida que o derretimento acelera, um aquecimento adicional de 1,5 °C provavelmente geraria vários metros de elevação do nível do mar nos próximos séculos. Para se ter uma ideia da gravidade do cenário atual, os níveis de aquecimento atualmente já estão cerca de 1,2 °C acima das temperaturas pré-industriais, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

“Descobertas como essas apenas reforçam a necessidade de permanecer dentro do limite de 1,5°C do Acordo de Paris, ou o mais próximo possível, para que possamos retornar a temperaturas mais baixas e proteger nossas cidades costeiras”, comenta Carlos Fuller, negociador climático de longa data de Belize, país da América Central cuja maior cidade será inundada com apenas um metro de elevação do nível do mar.

Outras nações, incluindo as de baixa altitude, também sofrem com o mesmo problema. Atualmente, cerca de 230 milhões de pessoas vivem a menos de um metro do nível do mar, sendo ameaçadas pelo derretimento do gelo.

O professor Stokes, que participou de cada uma das últimas três reuniões da COP ( Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), afirma que os formuladores de políticas e governos precisam estar mais cientes dos efeitos de um aumento de 1,5°C nas camadas de gelo e nos níveis do mar.

“Sem adaptação, estimativas conservadoras sugerem que 20 cm de aumento no nível do mar até 2050 levariam a perdas médias globais por inundações de US$ 1 trilhão ou mais por ano para as 136 maiores cidades costeiras do mundo”, estimam os pesquisadores, em seu estudo.

Fonte: Um só Planeta

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