O grande crescimento de queimadas na região de Piracicaba (SP) em 2024 preocupa especialistas do projeto ambiental Corredor Caipira, com sede no campus da Universidade de São Paulo (USP) na cidade.
Segundo dados do MapBiomas, levantados pela EPTV e pelo g1, o crescimento de incêndios nos oito primeiros meses de 2024, com relação ao mesmo período de 2023, foi de 1.593% em Limeira e 707% em Piracicaba.
Para Germano Chagas, coordenador técnico do projeto, apesar dos incêndios na região ocorrerem principalmente em áreas de agropecuária, eles são “trágicos” por também ocorrerem em áreas de vegetação nativa, em paisagens onde já há poucos remanescentes florestais.
“Estão acabando com o pouco que a gente tem de vegetação nativa”, aponta Chagas, que é engenheiro florestal.
“Por mais que você possa fazer o processo de reflorestamento, uma floresta leva muito tempo para ficar como era antes da queimada. Em áreas de vegetação natural, o prejuízo é muito maior por afetar a biodiversidade e os remanescentes florestais”, diz o especialista.
Área atingida por queimadas
A área total atingida por queimadas em Limeira (SP) entre os meses de janeiro e agosto de 2024 teve uma alta de 1.593% no comparativo ao mesmo período do ano passado.
Em Piracicaba (SP), dados levantados pelo g1 também a partir do MapBiomas indicam um crescimento de 707% nos casos de queimadas nos oito primeiros meses de 2024, quando comparado com o mesmo período de 2023.
Florestas
Os números do MapBiomas apontam que, em Limeira, dos 508 hectares queimados, 482 são de agropecuária, 19 hectares de floresta e 6 hectares de área sem vegetação.
Em Piracicaba, o índice de vegetação atingida é maior. São 52 hectares de florestas, 1.079 de agropecuária e 6 hectares de área sem vegetação.
De acordo com o coordenador técnico do Corredor Caipira, apesar de serem menores, os incêndios em áreas de floresta preocupam por atingir os poucos remanescentes florestais e, com isso, gerarem perda de biodiversidade e morte de animais.
“Os dados são trágicos e, por mais que a maior parte das queimadas sejam em áreas agrícolas ou de pastagem, muito dessa queimada também ocorre em remanescentes de vegetação nativa”, aponta.
“Nesse caso, é ainda mais grave, porque além dos impactos sobre o solo, sobre a água, que os incêndios em áreas agrícolas também causam, esse incêndio em áreas de vegetação nativa também gera redução de hábitat, perda de biodiversidade e impactos sobre a fauna, já que muitos animais morrem”, diz Chagas.