Em seu livro com lançamento previsto para o início de 2018, Clean Meat: How Growing Meat Without Animals Will Revolutionize Dinner and the World (ainda sem tradução no Brasil), Paul Shapiro celebra um futuro com carne e derivados que não tem origem na morte de animais. “Carne” sintetizada a partir de heme (componente da hemoglobina repleto de ferro) derivado de proteína de ervilha e carne originada da cultura de células do músculo de animais vivos são os principais exemplos.
Para ativistas dos direitos animais – Shapiro é vice-presidente da Humane Society dos Estados Unidos – e ambientalistas que se opõem a agricultura industrial em áreas de reserva, essa alternativa corajosa à criação atual de animais parece ser promissora para diminuir o consumo de carne como a conhecemos.
Como conta a revista Pacific Standard, mais de 10 bilhões de animais terrestres são mortos em matadouros por ano apenas nos Estados Unidos. É impossível não entender a importância do significado ecológico e humanitário da proposta de uma carne “limpa”.
Ao longo do livro, Shapiro explica alguns detalhes tecnológicos que irão trazer esses produtos mais próximos da realidade do varejo (algumas já chegaram lá, como o Impossible Burger). Vegetarianos que já conhecem as empresas mais novas como New Harvest, Memphis Meat, Modern Meadow, entre outras, irão terminar a leitura com melhor entendimento do que esse futuro significa para a economia e dieta globais. Talvez deixem de lado a visão de que são comidas muito artificiais, o que acontece com os ativistas mais a favor do “100% natural”.
Para os consumidores que tem nenhum interesse ou conhecimento dessas alternativas – a maioria atualmente – existe uma questão totalmente diferente sobre como irão reagir a essas novidades. São produtos desassociados da visão romântica da agricultura. É um desapego bem-vindo de 250 mil anos de consumo de animais.
Ativistas estão contando com os bilionários do Silicon Valley e com as grandes empresas alimentícias como Cargill (que tem investido na tecnologia) para tornarem os produtos saborosos o suficiente para que possam competir com a carne de animais mortos. E então a questão crucial é se haverá uma quantidade satisfatória de clientes que irão escolher esses produtos em seus estágios iniciais de venda, para que seja possível mantê-los no mercado.