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DESCONEXÃO

Alienação e incoerência: Lula acompanha 1º envio de carne para China em fábrica da JBS e elogia irmãos Batista em meio à tragédia no RS

20 de maio de 2024
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ricardo Stuckert/PR

A recente tragédia ambiental que assolou o Rio Grande do Sul, desencadeada por eventos climáticos extremos como enchentes e deslizamentos, levanta uma série de questões sobre a responsabilidade humana na degradação ambiental. No entanto, enquanto o país se recupera desses desastres, uma notícia recente destaca uma desconcertante incoerência: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestigiou uma visita à unidade Campo Grande II da JBS, em Mato Grosso do Sul, que se proclama como a futura maior processadora de carne da América Latina e uma das maiores do mundo.

Durante sua visita, Lula enalteceu os irmãos Joesley e Wesley Batista, proprietários do conglomerado J&F, que controla a JBS, como exemplos de sucesso empresarial. Ele os descreveu como responsáveis por transformar a JBS na maior produtora global de proteína animal, expressando seu orgulho nesse feito. Tal elogio, porém, ocorre em um momento em que a pecuária, base da produção da JBS, é cada vez mais apontada como uma das principais causas dos eventos climáticos extremos.

A expansão da indústria de carne não apenas está ligada à destruição de vastas áreas de floresta para dar lugar a pastagens, mas também contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, exacerbando as mudanças climáticas. Estudos apontam que a pecuária é responsável por uma parcela substancial das emissões globais de gases de efeito estufa, superando até mesmo o setor de transporte em algumas estimativas.

Enquanto o Brasil se esforça para lidar com os impactos devastadores das mudanças climáticas, como as recentes inundações e deslizamentos no Rio Grande do Sul, é perturbador ver líderes políticos celebrando e promovendo indústrias que exacerbam esses problemas ambientais. A visita de Lula à JBS e seus elogios aos irmãos Batista destacam uma desconexão preocupante entre o discurso político e a realidade das questões ambientais urgentes que o país enfrenta.

Além disso, a expansão da JBS e outras empresas do setor para atender à crescente demanda por carne, especialmente da China, ignora os custos ambientais e sociais significativos associados à produção em larga escala. Embora o aumento das exportações possa trazer benefícios econômicos de curto prazo, a longo prazo, a degradação ambiental e as consequências para as comunidades locais podem ser devastadoras.

Enquanto líderes políticos e empresariais continuarem a promover e celebrar modelos de desenvolvimento insustentáveis, como a expansão da indústria de carne, é improvável que o Brasil seja capaz de enfrentar adequadamente os desafios das mudanças climáticas e proteger seu meio ambiente para as gerações futuras. É hora de uma abordagem mais coerente e responsável para o desenvolvimento econômico, que leve em consideração os impactos ambientais e sociais de nossas ações.

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