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RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Alguns corais podem sobreviver ao aquecimento global usando sua "memória" de ondas de calor do passado

Um novo estudo revela que algumas espécies de corais conseguem sobreviver ao aquecimento exacerbado dos oceanos, escapando do efeito de branqueamento, simplesmente se recordando de eventos de ondas de calor do passado, usando sua memória ecológica.

27 de dezembro de 2023
Paola Bueno
3 min. de leitura
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Foto: Amgauna | Wikimedia Commons

Uma das diversas consequências negativas do aquecimento global, é o aumento da vulnerabilidade de ecossistemas, incluindo os ecossistemas marinhos, como os recifes de corais. Apesar de ocuparem menos de 1% do oceano, os corais abrigam quase um quarto de todas as espécies marinhas, além de desempenharem um importante papel na regulação da concentração de dióxido de carbono (CO2) no oceano.

O aquecimento exacerbado dos oceanos tem provocado um efeito conhecido como branqueamento de corais em diversas regiões do planeta. O branqueamento ocorre quando os corais perdem as microalgas fotossintetizantes chamadas zooxantelas, presentes nos tecidos que os revestem.

Essas microalgas mantém uma relação de simbiose com os corais, onde elas realizam fotossíntese e liberam substâncias orgânicas nutritivas para os corais e, por sua vez, os corais fornecem, através de seu processos metabólicos, os nutrientes necessários para a sobrevivência e crescimento das zooxantelas.

Quando os corais sofrem com o calor exacerbado, eles perdem essas microalgas e seus tecidos tornam-se translúcidos, deixando exposta a cor branca de seu esqueleto. Apesar de não necessariamente causar a morte dos corais, esse branqueamento deixa-os mais fragilizados e mais propensos à morte.

Por esse motivo, o aquecimento dos oceanos e o aumento das ocorrências de ondas de calor marinhas estão colocando em risco esse importante elemento do ecossistema, como é o caso da grande barreira de corais na Austrália. Entretanto, pesquisadores descobriram que algumas espécies de corais poderão resistir ao aumento das temperaturas, criando certa esperança!

Alguns corais sobrevivem ao calor usando a memória!

Um estudo recente liderado por cientistas da universidade Oregon State, dos Estados Unidos, revelou que certas espécies de corais têm a capacidade de resistir a ondas de calor marinhas “lembrando” de eventos que ocorreram no passado. Este fenômeno é conhecido como “memória ecológica” e aparentemente está associado às comunidades microbianas que vivem nos corais.

Os pesquisadores examinaram 200 colônias de corais entre 2018 e 2020, contento 3 espécies de corais, em um recife na costa norte de Mo’orea, na Polinésia Francesa, que tinha sofrido uma drástica alterações ecológicas em 2010 devido a desastres naturais e também sofreu com duas ondas de calor extremamente severas em 2019 e 2020.

“A Acropora retusa, uma espécie de coral predominante no recife de coral Mo’orean, apresenta uma poderosa resposta de memória ecológica às ondas de calor, sugerindo uma maior resiliência às alterações climáticas do que se pensava anteriormente” – disse Alex Vompe, autor principal do estudo, ao site de notícias earth.com.

Os autores do estudo observaram que algumas espécies de corais resistiram melhor as ondas de calor subsequentes, muito provavelmente devido a sua exposição a eventos passados. Acropora retusa é uma das espécies que mostrou uma resposta de memória às ondas de calor, uma resposta associada à mudanças no seu microbioma.

“A resposta de memória da Acropora retusa esteve fortemente ligada a mudanças no seu microbioma, apoiando a ideia de que a comunidade microbiana desempenha um papel neste processo” disse Vega Thurber à earth.com, também autora do estudo. Os corais da espécie Pocillopora também demonstraram resiliência ao calor por recordarem de eventos passados.

Dessa forma, além de melhor entender e destacar a importância da relação simbiótica dos ecossistemas de corais, o estudo traz uma luz para possíveis estratégias de preservação dos recifes de corais, diante de uma perspectiva de aumento das temperaturas do planeta e um aumento da frequência e severidade das ondas de calor marinhas.

Fonte: Tempo

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