EnglishEspañolPortuguês

DEVASTAÇÃO

Alerta no mar: Austrália declara desastre natural após proliferação de alga tóxica matar milhares de animais

Crise ecológica já afeta 500 km da costa, ameaça pesca, turismo e pode atingir grandes centros. Cientistas comparam impacto ao de incêndios e enchentes

27 de julho de 2025
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Reprodução/7News

Uma maré tóxica sem precedentes levou a parte centro-sul da Austrália a declarar estado de desastre natural após a morte de milhares de peixes, raias, tubarões e até golfinhos ao longo de mais de 500 quilômetros de litoral. A proliferação da alga Karenia mikimotoi, identificada como responsável pela devastação, foi descrita por cientistas como um “cobertor tóxico” que sufoca a vida marinha e ameaça todo o ecossistema costeiro da região.

A decisão do governo estadual ocorreu após semanas de pressão de cientistas, ambientalistas e comunidades pesqueiras. O primeiro-ministro estadual, Peter Malinauskas, reconheceu à rede ABC que o episódio é de tal magnitude que ainda não se sabe como os impactos vão se desdobrar nos próximos meses. “Mais de 400 espécies marinhas já foram afetadas”, afirmou.

Pesquisadores de diversas universidades australianas e registros locais indicam mais de 13.800 animais morreram em decorrência da contaminação, e o número é considerado subestimado. As praias da região metropolitana de Adelaide, onde vivem cerca de 1,5 milhão de pessoas, já apresentam carcaças de pargos, arraias e outros animais marinhos em decomposição.

Além do colapso ecológico, a maré tóxica compromete setores econômicos estratégicos como a pesca e o turismo. As autoridades já fecharam a pescaria em pontos importantes e suspenderam atividades em áreas de cultivo de ostras devido à contaminação. A presença de brevetoxinas, as neurotoxinas produzidas pela alga, já foi detectada em frutos do mar da região.

“Não é só uma catástrofe ecológica, é um golpe para a economia costeira”, afirmou a cientista Shauna Murray, especialista em marés tóxicas da Universidade de Tecnologia de Sydney. Ela alertou que espécies de movimentação lenta, como cavalos-marinhos e peixes de fundo, podem levar anos para se recuperar.

Para especialistas, o fenômeno está diretamente ligado às mudanças climáticas e à poluição por nutrientes. O mar na região está cerca de 2,5 °C mais quente que a média, com condições calmas que favorecem a multiplicação da alga.

“Estamos vendo as consequências de anos de inação diante da crise climática”, disse a bióloga Nina Wootton, da Universidade de Adelaide, à imprensa local.

    Você viu?

    Ir para o topo