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CONDIÇÕES EXTREMAS

Alerta de extinção em massa: 30 mil espécies podem desaparecer devido a ondas de calor e desmatamento até 2100

20 de dezembro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Uma extinção massiva de espécies, em particular de vertebrados terrestres, poderia ser desencadeada antes do final do século.

Assim alerta uma pesquisa recente publicada em Global Change Biology, a qual analisou 29.657 espécies em todo o mundo para chegar a esta conclusão.

De olho em 2100, a combinação letal de ondas de calor extremas e mudança no uso do solo ameaça levar milhares de espécies à beira da extinção, revela.

O trabalho identificou que a interação entre crise climática e transformação de paisagens expõe os animais a um risco sem precedentes.

Até 7.895 espécies em perigo de extinção de olho em 2100

Os resultados do estudo da Universidade de Oxford projetaram que, para 2100, até 7895 espécies poderiam enfrentar condições completamente inadequadas para elas, com risco de extinção.

A análise contemplou anfíbios, aves, mamíferos e répteis distribuídos globalmente.

Sob o cenário mais otimista, alinhado com o Acordo de Paris, 10% do alcance das espécies ficaria exposto a condições não aptas.

No entanto, no pior cenário, essa cifra alcançaria 52%, advertiram os pesquisadores.

A equipe científica utilizou cenários socioeconômicos e de emissões para cruzar dados de distribuição e preferências de habitat com projeções de uso do solo.

A resolução espacial de 24,1 x 24,1 quilômetros permitiu identificar áreas críticas de perda de adequação.

Anfíbios e répteis, as espécies mais vulneráveis à extinção

Os anfíbios e répteis mostraram ser os grupos mais afetados pela combinação de ameaças.

Mesmo no cenário mais favorável, mais de 23% e 13% de suas áreas de distribuição, respectivamente, ficariam expostas a condições inadequadas.

As espécies com alcances pequenos e aquelas já ameaçadas segundo a UICN enfrentam um risco especialmente elevado.

A fragmentação de habitats limita sua capacidade de dispersão ou adaptação, enquanto as ondas de calor intensificam o estresse.

Um caso emblemático é o da víbora arbórea africana (Atheris broadleyi). Sob o cenário SSP3-RCP7.0, esta espécie perderia 81% de sua área adequada por uso do solo e 76% por ondas de calor.

O resultado: 98% de seu alcance total sob condições inadequadas, o que praticamente confirma a extinção desta espécie para 2100.

As regiões críticas: Sahel, Oriente Médio e Brasil

As regiões subtropicais aparecem como os focos principais de perigo.

O Sahel (Sudão, Chade, Mali), Oriente Médio (Afeganistão, Iraque, Arábia Saudita) e Brasil concentram a maior concorrência de ondas de calor extremas e perda de habitat.

Nesses lugares, a transformação por atividades humanas poderia deixar numerosas espécies sem refúgio possível.

A pesquisa analisou a frequência, duração e intensidade das ondas de calor, assim como a conversão de habitats naturais em áreas agrícolas ou urbanas.

Os autores do estudo apontaram que os efeitos combinados da mudança climática e do uso do solo são mais graves que a soma de seus impactos individuais.

Além disso, as ondas de calor extremas podem afetar até mesmo os refúgios mais protegidos.

As ações urgentes necessárias para conter a crise

As recomendações da equipe de pesquisa incluem medidas coordenadas para abordar ameaças múltiplas. Entre as ações prioritárias destacam-se:

  • Fortalecer e expandir as áreas protegidas, priorizando a conectividade ecológica
  • Desenhar políticas integrais que considerem conjuntamente a crise climática e a mudança no uso do solo
  • Implementar uma gestão adaptativa em zonas críticas
  • Identificar e proteger tanto as zonas como as espécies mais vulneráveis

Os pesquisadores reconheceram que suas estimativas poderiam ser conservadoras. A modelagem não incorporou restrições de dispersão nem a conectividade real dos habitats, o que poderia subestimar o risco de extinção.

As projeções de uso do solo tendem a basear-se em suposições otimistas sobre produtividade agrícola e tecnologia.

No entanto, não incorporam completamente os efeitos da mudança climática sobre esses fatores.

O estudo forneceu uma visão integral sobre a magnitude das ameaças para a biodiversidade terrestre.

Os autores sublinharam a urgência de respostas coordenadas e imediatas para evitar uma crise de extinção sem precedentes.

Fonte: Noticias Ambientales

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