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ALARMANTE

Alerta climático: capital do Alasca (EUA) ordena evacuação de emergência por derretimento de geleira

Juneau, capital do estado, enfrenta inundações recordes causadas por rompimento de lago glacial. Autoridades alertam para risco crescente devido ao aquecimento global acelerado

15 de agosto de 2025
Diogo Rodriguez
4 min. de leitura
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Suicide Basin, onde o acúmulo de água represada desencadeou a enchente glacial que atingiu Juneau, Alasca. Foto: United States Geological Survey

Na manhã de quarta-feira (13/08), a cidade de Juneau, capital do Alasca, foi tomada por um cenário de emergência: moradores em áreas de risco foram instruídos a evacuar com urgência diante da previsão de uma inundação glacial recorde. A causa do alerta foi o rompimento da barragem natural formada pelo glaciar Mendenhall, que represava um lago escondido no chamado Suicide Basin, uma bacia de acúmulo de água que se tornou um símbolo do impacto da mudança climática na região.

A água represada, composta por derretimento de gelo e chuva, rompeu o bloqueio de gelo e desceu em grande volume para o lago Mendenhall e, em seguida, para o rio que corta a cidade. O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA confirmou que o nível do rio Mendenhall atingiu 16,65 pés (cerca de 5 metros), superando o recorde anterior de 15,99 pés registrado no ano passado.

Entendendo o fenômeno: o que é uma GLOF?

O evento, classificado como glacial lake outburst flood (GLOF), ocorre quando lagos formados por derretimento glacial transbordam repentinamente. No caso de Juneau, isso se tornou uma ocorrência quase anual desde 2011, intensificada pelo recuo do glaciar Suicide, que formou o reservatório natural. Em 2023, uma inundação semelhante destruiu casas e causou erosão significativa no vale Mendenhall.

Estudos indicam que o volume liberado nessas enchentes pode chegar a 15 bilhões de galões de água, o equivalente a 23 mil piscinas olímpicas.

Alerta climático: aquecimento acelerado no Alasca

Segundo o NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), o Alasca aqueceu duas vezes mais rápido que a média nacional dos EUA nas últimas décadas. A temperatura média anual no estado subiu 3,1°F (cerca de 1,7°C) no último século.

Esse aquecimento tem causado o derretimento acelerado de glaciares, como o Mendenhall, que recua de 30 a 45 metros por ano. Especialistas afirmam que o próprio Suicide Basin só existe devido à retração de um glaciar menor, que antes se conectava ao Mendenhall.

Medidas emergenciais e resposta institucional

Em resposta à crise, a prefeitura de Juneau instalou 3,2 km de barreiras temporárias para proteger aproximadamente 460 propriedades. O governador Mike Dunleavy declarou estado de desastre prévio para a região, permitindo o acionamento de recursos emergenciais.

O USGS (Serviço Geológico dos EUA) também entrou em ação, utilizando sensores, câmeras e lasers para monitorar em tempo real o nível das águas e da geleira. “Nosso sistema permite alertar com antecedência gestores locais, o que é essencial para a segurança da população”, disse Jeff Conaway, cientista do USGS.

Essas tecnologias ajudam não apenas na prevenção, mas também na modelagem de futuros riscos hidrológicos e na avaliação da infraestrutura, como pontes e estradas, após a passagem das águas.

E o futuro?

Cientistas estimam que o Mendenhall Glacier pode continuar funcionando como uma barragem natural por mais 25 a 60 anos. Enquanto isso, os moradores de Juneau devem conviver com um risco crescente que evidencia, na prática, os efeitos do aquecimento global.

Apesar dos esforços para conter o avanço das águas, especialistas alertam que sem medidas estruturais e políticas climáticas mais eficazes, tragédias como essa tendem a se repetir, não apenas no Alasca, mas em outras regiões glaciares do mundo.

Fonte: Um só Planeta

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