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DEBILITADO

Albatroz raro é salvo após engolir quatro anzóis grandes e uma linha de pesca

Cirurgia e reabilitação devolveram o voo a uma jovem ave cuja recuperação expõe o impacto da pesca artesanal na vida marinha

6 de novembro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ruben Aleman, Fundación Juvimar

Uma jovem ave marinha da espécie Thalassarche salvini foi encontrada em apuros no porto de Anconcito, no litoral do Equador. Incapaz de voar por vários dias, o animal chamou a atenção do pescador Juan Alberto Infante, que acionou as autoridades locais. Um raio-X revelou o motivo do sofrimento: quatro grandes anzóis e uma linha de pesca estavam presos no estômago da ave, um deles perfurando o esôfago.

Após o resgate, o albatroz foi levado para a vila costeira de Puerto López, a cerca de 110 quilômetros de distância, onde passou por uma cirurgia delicada com o veterinário Rubén Alemán, da Fundação Juvimar. A operação foi bem-sucedida, e depois de um período de recuperação, a ave voltou a voar livremente no fim de outubro, segundo comunicado da American Bird Conservancy e do Departamento de Conservação da Nova Zelândia.

O caso, embora tenha terminado com final feliz, expõe um problema cada vez mais comum: o bycatch, termo usado para descrever a captura acidental de animais marinhos durante a pesca. No Equador, o setor artesanal é uma das principais fontes de sustento local, com cerca de 15 mil embarcações e 60 mil trabalhadores, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. No entanto, a prática ainda representa um grande risco para aves e outras espécies.

Foto: Ruben Aleman, Fundación Juvimar

Especialistas vêm buscando soluções para reduzir os impactos. Em parceria com mais de dois mil pescadores equatorianos, a American Bird Conservancy desenvolveu novas tecnologias, como o dispositivo NISURI, que faz com que as linhas com iscas afundem até 90% mais rápido, evitando que aves mergulhem em busca da presa e fiquem presas nos anzóis. “Cada migração traz o risco silencioso de ser fisgado — um lembrete de que a proteção eficaz precisa ir além das fronteiras nacionais”, afirmou o ecólogo peruano Carlos Zavalaga.

Esta espécie de albatroz é uma ave oceânica de asas longas e voo poderoso, que passa a maior parte da vida em alto-mar e só pousa para se reproduzir em ilhas subantárticas próximas à Nova Zelândia. Considerada “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, a espécie enfrenta declínio populacional. A recuperação do albatroz de Anconcito reacende a discussão sobre a urgência de proteger aves ameaçadas pela pesca, especialmente em regiões que dependem economicamente do mar.

Fonte: Um só Planeta

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