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Ajudando o maior número de animais

17 de janeiro de 2017
5 min. de leitura
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Marcel Fiorelli Fernandes **
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Divulgação

Imagine que você está presa (o) em uma cela de parição e lactação, sem sequer ter espaço para se mexer e andar, não podendo cuidar das suas filhas (os) que você está amamentando, pois as grades da cela não permitem que você tenha contato real com elas (eles). Como se não bastasse, você sabe que em breve suas filhas (os) serão arrancadas (os) de você, com o fim de ganharem peso para serem assassinadas (os) após transportadas (os) por horas em caminhões.

Porém, você sabe que existem humanos que resolveram parar de participar dessa injusta exploração e desejam que mais humanos mudem de opinião e atitudes e parem de apoiar tamanha injustiça.

Nesse horrível cenário, como será que você gostaria que esses humanos usassem o tempo e recursos limitados que possuem para te ajudar? Será que preferiria que eles passassem horas na internet “trollando” humanos que ainda consomem produtos de origem animal? Ou talvez gastassem boa parte do tempo acusando pessoas veganas de receber dinheiro da indústria da exploração animal e/ou chamando-as repetidamente de “bem-estaristas”?

Eu acho que se os animais soubessem que a maioria das pessoas que querem ajudá-los passam a maior parte do tempo ofendendo e “trollando” outros ativistas e/ou pessoas que ainda não são veganas, eles perderiam as esperanças de vez.
Por outro lado, penso que os animais ainda podem ter esperanças, uma vez que nos EUA e na Europa está tomando força um movimento que defende a importância de se fazer uso da razão para descobrir quais são as formas de ativismo e quais as ONGs que mais conseguem diminuir a quantidade de animais que sofrem e morrem para cada US$ 1 e unidade de tempo gasto.

Esse movimento chama-se Altruísmo Eficaz. No início, o foco do movimento era apenas os humanos em necessidade, porém, mais recentemente, os animais se tornaram preocupação de parte do movimento.

Um bom exemplo é o trabalho desenvolvido pela ONG americana “Animal Charity Evaluators”. Criada em 2012, ela se dedica a fazer estudos para descobrir quais são as formas de ativismo e quais as ONGs que mais conseguem diminuir a quantidade de animais que sofrem e morrem para cada US$ 1 gasto. Ela divulga os resultados dos estudos em seu site na internet para que pessoas interessadas saibam para quais ONGs devem doar e se voluntariar para maximizar o impacto de cada US$ 1 e tempo gasto, respectivamente.

Atualmente, segundo estudos realizados pela ONG “Animal Charity Evaluators”, vídeos produzidos durante investigações secretas em fazendas industriais e matadouros para mostrar a injustiça cometida contra os animais, bem como pressão sobre empresas para que não vendam alimentos de origem animal produzidos em intenso confinamento são duas intervenções eficazes para reduzir o sofrimento e morte para cada US$ 1 e unidade de tempo gasto.

Quanto às ONGs mais eficazes, o último estudo realizado pela ONG “Animal Charity Evaluators”, publicado no final de novembro de 2016, concluiu que as ONGs “Mercy For Animals”, “The Humane League” e “The Good Food Institute” são as três ONGs que trabalham de forma a ter mais chance de produzir os melhores resultados para os animais vítimas da exploração, sendo que todas elas avaliam as suas formas de ativismo e fazem alterações, caso necessário, assim como são capazes de utilizar mais doações para ampliar o trabalho desenvolvido.

Além disso, dez ONGs foram classificadas como “destaques”, ou seja, elas também fazem um excelente trabalho, mas por algum motivo explicado nos relatórios das avaliações, elas não foram classificadas no mesmo grupo das três ONGs mencionadas acima. Elas são as seguintes: “Albert Schweitzer Foundation”, “Animal Equality”, “Animal Ethics”, “Animals Australia”, “Faunalytics”, “Humane Society of the United States’ Farm Animal Protection Campaign”, “New Harvest”, “The Nonhuman Rights Project”, “Vegan Outreach” e “VEBU”.

É importante que se ressalte o trabalho desenvolvido pela ONG “Animal Ethics”’, pois segundo a “Animal Charity Evaluators”, o seu ponto mais forte, em termos de resultados sobre os animais, é que ela é uma das raras ONGs que foca seu trabalho em todos animais, pois seu conteúdo de divulgação trás argumentos contra o especismo e como a rejeição deste implica em não apenas adotar o veganismo, como também em ajudar os animais selvagens, tema que, infelizmente, ainda é bastante negligenciado por pessoas que são veganas, apesar de os animais selvagens ser a imensa maioria dos animais do planeta. Assim, a ONG “Animal Ethics” defende que os ajudemos promovendo a preocupação com o seu sofrimento, bem como apoiando resgates de animais em necessidade, sendo que ela já possui site em português contendo textos sobre o sofrimento que os animais selvagens são vítimas devido a doenças, desastres naturais, desnutrição, acidentes, ferimentos e outras causas não-humanas.

Para termos uma ideia da imensa quantidade de animais selvagens e porque eles devem ser considerados moralmente por pessoas que rejeitam o especismo, saiba que, para cada animal explorado por humanos, há cerca de 10 milhões de outros animais que vivem na natureza, sendo que suas vidas, na quase totalidade dos casos, são marcadas por sofrimento, uma vez que são vítimas de doenças, desastres naturais, desnutrição, acidentes, ferimentos e outras causas não-humanas. Em quantidades percentuais, os animais selvagens representam cerca de 99,99999% dos animais que sofrem e morrem no planeta. Para saber mais sobre como ajudar os animais selvagens, leia o texto do link, que se encontra no site em português da ONG “Animal Ethics”.

Para finalizar, espero que tenham gostado do movimento chamado Altruísmo Eficaz, e que, se puderem, divulguem a ideia de ajudar o maior número possível de animais, tendo em vista os nossos recursos e tempo limitados, não esquecendo que os animais vítimas da exploração são apenas uma pequena parte dos animais injustiçados, uma vez que, como ressaltado, os animais selvagens formam a imensa maioria dos animais que precisam de ajuda.

** Marcel Fiorelli é graduado em Estatística e estudante de Direito

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