A causa da mortalidade de peixes na Lagoa dos Esteves, em Içara, deve ser conhecida na próxima semana, quando os laudos dos últimos testes em amostras de água da lagoa devem ser entregues à Fundação Municipal do Meio Ambiente de Içara (Fundai) e à Fundação do Meio Ambiente (Fatma), pelo Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas (Ipat/Unesc). Apesar das análises ainda não estarem concluídas, existe a possibilidade de a causa ser a elevação da temperatura da água da Lagoa dos Esteves – o mesmo que foi detectado na Lagoa do Faxinal e no mar (que teve elevação de 3ºC).
No dia 5 de fevereiro, o Ministério Público de Içara instaurou um procedimento administrativo para apurar causa e responsabilidade da mortandade de peixes ocorrida no dia 22 de janeiro e verificar a qualidade da água na Lagoa dos Esteves. O Ministério Público deu um prazo de dez dias à prefeitura, Polícia Ambiental e Fatma para apresentarem as medidas tomadas até então para solucionar o problema e as análises da água do local.
A primeira amostra de água da Lagoa dos Esteves foi coletada no dia 23 de janeiro e encaminhada para o laboratório do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Içara (Samae) para a realização da análise da temperatura. Segundo Ricardo Garcia da Silva, biólogo da Fundai, o resultado foi uma temperatura de 30,5ºC, o que fica muito além dos 24ºC e 25ºC normais para esta época do ano. “Esta elevação poderia ter justificado a mortandade, mas precisamos dos outros laudos para detectarmos a causa”, afirma o biólogo.
Nova coleta
Na segunda-feira, novas amostras de água foram retiradas de sete pontos da lagoa para verificação da presença de agentes poluentes e do teste de ecotoxicologia, para analisar o grau de toxidade da água. A partir dos resultados, que devem ser conhecidos na quarta-feira da próxima semana, é que o fator que causou a mortandade dos peixes em janeiro – e continua matando carás na Lagoa dos Esteves – será divulgado.
Segundo o biólogo da Fundai, o relatório de balneabilidade da Fatma aponta que a lagoa é própria para banho, mas é bom as pessoas terem cautela ao entrar na água, em virtude dos peixes mortos. “A putrefação dos peixes causa mau cheiro e mal-estar visual, e pode ter agentes que causam doenças. Por isso é interessante verificar se o local escolhido para o banho não tem peixes mortos”, aconselha.
A presença de agrotóxicos, combustíveis ou óleo na lagoa foi praticamente descartada. Silva explica que os agrotóxicos são muito voláteis, sendo os à base de carbofurano os mais poluentes. Estes seriam utilizados nas lavouras de arroz, mas, segundo o biólogo, foi verificado que os produtores fazem pouco uso deste tipo de defensivo e que não há efluentes destas culturas na lagoa. Quanto aos óleos e combustíveis, seria necessário um aporte grande para causar danos, devido à quantidade de água do local, e estariam visíveis à olho nu.
Fonte: A Tribuna