Um relatório concluído pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agropecuária (FAO) no mês passado aponta a expansão da agropecuária intensiva como uma das causas do desaparecimento da biodiversidade no mundo – o que pode comprometer a produção de alimentos.
Com informações de 91 países, o relatório aponta para o uso de um número restrito de espécies no cultivo e produção direta de alimentos. Por exemplo, das cerca de seis mil espécies de plantas cultivadas para alimentação, menos de 200 são utilizadas na produção global de alimentos e apenas nove respondem por 66% da produção agrícola total.
Já a pecuária é baseada em cerca de 40 espécies, com algumas delas sendo exploradas para a obtenção da maior parte da carne, leite e ovos consumidos pelas pessoas. Segundo a FAO, a expansão insustentável de práticas produtivas tem agravado a dependência do ser humano de um conjunto restrito de plantas e animais para se alimentar. Ao mesmo tempo, gera passivos ambientais capazes tanto de esgotar os recursos naturais utilizados nessas cadeias de produção quanto extinguir outras espécies.
A perda da biodiversidade para alimentos e agricultura, segundo o relatório, está associada a mudanças no uso e manejo da terra e da água (inerente à agropecuária), seguidas pela poluição e exploração excessiva, além das mudanças climáticas, crescimento populacional e urbanização.
A FAO lembra ainda que quase um terço das unidades populacionais de peixes do mundo são consideradas super exploradas atualmente; e mais de metade delas já atingiram o seu limite sustentável. Além disso, em decorrência dos fatores de mudança já citados, muitas espécies de alimentos silvestres estão em declínio em países da América Latina e Caribe, seguidos por nações da Ásia-Pacífico e da África.
Menos biodiversidade significa que plantas e animais são mais vulneráveis a pragas e doenças, o que também coloca a nutrição e a segurança alimentar em risco, segundo o estudo.