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Agricultura orgânica é chave para alimentar o mundo, dizem os cientistas

15 de abril de 2019
4 min. de leitura
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Foto: Fernando Dias/ Divulgação
Foto: Fernando Dias/ Divulgação

Pesquisadores da Universidade Estadual de Washington concluíram que alimentar a população global, em constantemente crescendo, com metas de sustentabilidade em mente é possível.

A equipe de estudiosos realizou uma revisão de centenas de estudos publicados que fornece evidências de que a agricultura orgânica pode produzir rendimentos suficientes, ser lucrativa para os agricultores, proteger e melhorar o meio ambiente e ser mais segura para os trabalhadores agrícolas.

O estudo de revisão, intitulado “Agricultura Orgânica no Século 21”, é apresentado como matéria de capa da edição de fevereiro da revista Nature Plants e é de autoria de John Reganold, professor de ciência do solo e agroecologista e do doutorando Jonathan Wachter, segundo informações do Science Daily.

É o primeiro estudo desse tipo a analisar 40 anos de ciência comparando a agricultura orgânica e a convencional entre os quatro objetivos de sustentabilidade identificados pela Academia Nacional de Ciências: produtividade, economia, meio ambiente e bem-estar comunitário.

“Centenas de estudos científicos mostram agora que a agricultura orgânica deve desempenhar um papel na alimentação do mundo”, disse Reganold, principal autor do estudo. “Trinta anos atrás, havia apenas alguns poucos estudos comparando a agricultura orgânica com a convencional. Nos últimos 15 anos, esse tipo de estudo disparou”.

A produção orgânica atualmente representa apenas um por cento de todas as terras usadas para agricultura no mundo, apesar do rápido crescimento nas últimas duas décadas.

Foto: Nossa Causa/ Divulgação
Foto: Nossa Causa/ Divulgação

Os críticos argumentam há muito tempo que a agricultura orgânica é ineficiente, exigindo mais terras para produzir a mesma quantidade de alimentos. O artigo de revisão descreve casos em que os resultados do cultivo orgânico podem ser superiores aos métodos convencionais de cultivo.

“Em condições severas de seca, que devem aumentar com a mudança climática, as fazendas orgânicas têm o potencial de produzir excelentes colheitas por causa da maior capacidade de retenção de água dos solos organicamente cultivados”, disse Reganold.

No entanto, mesmo quando os rendimentos forem menores, a agricultura orgânica ainda é mais lucrativa para os agricultores pois os consumidores estão dispostos a pagar mais. Preços mais altos podem ser justificados como forma de compensar os agricultores por fornecer serviços ecossistêmicos e evitar danos ambientais ou custos externos.

Numerosos estudos na revisão também comprovam os benefícios ambientais da produção orgânica. No geral, fazendas orgânicas tendem a armazenar mais carbono do solo, têm melhor qualidade do solo e reduzem a erosão do solo.

A agricultura orgânica também cria menos poluição no solo e na água e reduz as emissões de gases de efeito estufa. Além de ser mais eficiente em termos energéticos porque não depende de fertilizantes sintéticos ou pesticidas.

Foto: Organicsnet/Reprodução
Foto: Organicsnet/Reprodução

O modo de produção também está associado à maior biodiversidade de plantas, animais, insetos e micróbios, bem como à diversidade genética. A biodiversidade aumenta os serviços que a natureza oferece, como a polinização, e melhora a capacidade dos sistemas agrícolas de se adaptarem às mudanças de condições.

Reganold disse que alimentar o mundo não é apenas uma questão de produção elevada, mas também requer o exame do desperdício de alimentos e a distribuição da comida.

“Se você analisar a produção de calorias per capita, estamos produzindo comida mais do que suficiente para 7 bilhões de pessoas agora, mas desperdiçamos de 30% a 40% disso”, disse Reganold. “Não é apenas uma questão de produzir o suficiente, mas tornar a agricultura ambientalmente correta e garantir que a comida chegue àqueles que precisam dela”.

Reganold e Wachter sugerem que nenhum tipo de agricultura pode alimentar o mundo. Em vez disso, o que é necessário é um equilíbrio de sistemas, “uma mistura de orgânicos e outros sistemas agrícolas inovadores, incluindo sistemas agroflorestais, agricultura integrada, agricultura de conservação, culturas mistas e sistemas ainda a serem descobertos”.

Reganold e Wachter recomendam mudanças nas políticas para lidar com as barreiras que impedem a expansão da agricultura orgânica. Tais obstáculos incluem os custos da transição para a certificação orgânica, falta de acesso a mão-de-obra e mercados, e falta de infraestrutura apropriada para armazenar e transportar alimentos. Ferramentas legais e financeiras são necessárias para incentivar a adoção de práticas agrícolas inovadoras e sustentáveis.

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