“Se a liberação de gases de efeito estufa é algo tão impactante para nós, por que não estamos abordando a agricultura animal, que é responsável por 87% das emissões de gases de efeito estufa?”. A pergunta veio de uma ativista frustrada, jovem e vegana falando por um megafone em um dos muitos protestos climáticos nos quais o papel da agricultura animal no aquecimento global foi completamente ignorado.
Espera um segundo. Ela disse que 87% das emissões de gases de efeito estufa são causadas pela agricultura animal? Isso significa que o consumo de carne e laticínios é a principal causa da nossa crise climática!
Agora, pela primeira vez, a mídia está começando a informar sobre este número impressionante: oitenta
e sete por cento da emissão de gases do efeito estufa é causada pela agricultura animal.
O veículo Plant Based News publica artigo revolucionário

A manchete impressionante apareceu no Plant Based News em 5 de janeiro de 2021. Este popular e premiado veículo de imprensa, com sede em Londres, deu o passo corajoso e relatou os resultados de um novo artigo de informativo de posicionamento que, após profundas pesquisas, adverte que ignorar o papel da agricultura animal como a principal causa das emissões de gases de efeito estufa poderia levar a um cenário climático apocalíptico.
O novo “livro branco” (artigo informativo) é intitulado: “A agricultura animal é a principal causa das mudanças climáticas“. Foi escrito pelo Dr. Sailesh Rao, um engenheiro e analista de sistemas educado em Stanford que já trabalhou no tema das mudanças climáticas com Al Gore e anteriormente passou décadas no mundo da tecnologia ajudando a acelerar as velocidades da Internet. Dr. Rao é o fundador da organização Climate Healers e é um produtor executivo de vários documentários altamente aclamados, incluindo Cowspiracy e What the Health. Ele também é a estrela de Countdown to Year Zero, o premiado documentário de JaneUnChained sobre o impacto devastador da agricultura animal no planeta. Você pode assistir na plataforma de streaming Prime Video da Amazon.
É preciso coragem para relatar essa verdade realmente inconveniente
Por que é corajoso publicar um relatório com essa nova conclusão? Bem, a alegação decorrente de pesquisas minuciosas de que a agricultura animal é a principal causa das mudanças climáticas está sendo completamente ignorada pelos poderosos que controlam os principais veículos de comunicação do mundo.
Em um artigo de 2018, intitulado The Meat Question, By the Numbers, a equipe climática do New York Times relatou: “Em todo o mundo, a pecuária é responsável por cerca de 14,5% a 18% das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem”. Isso paralelamente a uma conclusão de 2006 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que publicou um estudo global intitulado Livestock’s Long Shadow (A Grande Sombra da Pecuária). Ele afirmou que a pecuária estava contribuindo com 18% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
No entanto, mais tarde, em 2009, um relatório do Worldwatch Institute concluiu que a pecuária é responsável por pelo menos 51% das emissões anuais mundiais de gases de efeito estufa.
Então, o qual destes é verdade: 14,5 a 18%, 51% ou 87%, como relata o relatório do Dr. Rao? A resposta definitiva a esta pergunta poderia determinar se a raça humana pode sobreviver às mudanças climáticas. É talvez a questão mais crucial de nossas vidas.
Tangenciando a verdade

É interessante que o New York Times pareça estar digladiando sobre o quanto relatar sobre este assunto crucial. Um artigo intitulado “Diminuir as emissões de gases do efeito estufa decorrentes da produção de comida é uma questão urgente, dizem cientistas” foi originalmente publicado em 5 de novembro de 2020, e depois atualizado em 12 de janeiro de 2021. O artigo reconhece que metas cruciais de contenção da mudança climática “poderiam ser alcançadas através de mudanças ‘rápidas e ambiciosas’ no sistema alimentar global nas próximas décadas, incluindo a adoção de dietas ricas em plantas…”. Porém o mesmo documento faz referência a um relatório que, reconhecidamente, deixa de considerar sequer a possibilidade de uma mudança para uma cultura global baseada em plantas, chamando tal objetivo de irrealista.
Bem, se isso pode salvar o planeta, será que realmente é tão irrealista? Não é presunçoso assumir que um mundo vegano é impossível?
O “livro branco” que o mundo precisa ler
O livro branco do Dr. Rao, que está disponível para qualquer um ler, constrói um argumento poderoso de que lamentavelmente, através de cálculos defeituosos, as Nações Unidas subestimaram o impacto da agricultura animal nas emissões de gases de efeito estufa. Segundo o artigo do Dr. Rao: “Identificamos quatro erros de cálculo nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), o que gera uma subestimação sistemática do impacto da agricultura animal nas mudanças climáticas.”
Subestimando o impacto do metano

“O IPCC subestima o impacto do gás metano porque utiliza um horizonte temporal de 100 anos. Isso ignora o fato de que o metano se decompõe em CO2, um gás menos prejudicial com uma meia-vida de 8,4 anos. Ao analisar o impacto do metano estendido ao longo de um século inteiro, o IPCC está diluindo os danos causados pelo aquecimento global acarretado pelo metano anualmente, em comparação com o C02. Isso é como comer um bolo inteiro em um dia, todo domingo, e depois calcular o impacto que teria em nosso corpo como se o comêssemos essa quantidade ao longo de um ano.” Segundo o Livro Branco do Dr. Rao
Destruir florestas em prol da a agricultura animal evita a absorção de carbono

O livro branco do Dr. Rao afirma: “Enquanto os humanos queimam combustíveis fósseis há mais de 200 anos, temos queimado florestas em prol da agricultura animal por mais de 8.000 anos.” Uma grande porcentagem das florestas do mundo foi destruída para criar pastagens para gado e terras agrícolas para o cultivo de grãos para alimentar animais de fazenda. As árvores absorvem dióxido de carbono”.
Então, quando você destrói florestas, você destrói a capacidade do mundo de absorver ou sequestrar carbono, um gás de captura de calor. Isso é um grande contribuinte para o aquecimento global.
Infelizmente, no cenário atual, a forma como se descreve o impacto da agricultura animal sobre as mudanças climáticas é limitada basicamente à produção de metano através de arrotos e peidos de vacas. Em outras palavras, os outros efeitos são descartados e negligenciados.

O resultado é que a maioria das agências governamentais e organizações ambientais sem fins lucrativos em todo o mundo têm enfatizado demais os perigos climáticos dos combustíveis fósseis, sob a forma de dióxido de carbono, que está associado às indústrias de petróleo e carvão, e subenfatizando os perigos do metano, que está associado à pecuária.
O livro branco cita inúmeras fontes científicas revisadas por pares. O Dr. Rao também se ofereceu para debater com qualquer pessoa de qualquer organização científica e/ou ambiental que queira contestar suas conclusões. Ninguém se apresentou ainda. O convite está em aberto.
Então, se o Dr. Rao estiver certo, os esforços atuais para conter e reverter o aquecimento global são profundamente falhos e apontam como principal culpado o suspeito errado. O documento adverte: “Mostramos que precisamos fazer a transição para uma economia global baseada em plantas primeiro… eliminar cegamente o uso de combustíveis fósseis acelerará o aquecimento do planeta.”
Então, qual jornal ou canal de notícias de TV será a próxima organização jornalística a reportar sobre este livro branco bombástico? O mínimo que os jornalistas podem fazer é ler o livro branco e considerar suas implicações. Simplesmente ignorá-lo é uma renúncia de sua responsabilidade jornalística. Esta é a verdade inconveniente. Se o Dr. Rao está certo, e ele construiu um argumento científico convincente, então nós – como espécie humana – estamos em apuros.
Fonte : https://janeunchained.com/2021/01/20/vegan-news-new-report-animal-agriculture-is-leading-climate-change-cause/