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Agressor de animal é mais propenso a cometer outros crimes

17 de setembro de 2013
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Quem tem propensão à violência pode praticá-la tanto contra humanos como contra animais. Essa é uma das conclusões do estudo feito pelo chefe de operações da animal paulista, o capitão Marcelo Robis Nassaro. Ele analisou uma a uma as 643 autuações no Estado entre 2010 e 2012 por maus-tratos a animais para seu mestrado em Ciências de Segurança e Ordem Pública, defendido em março. O assunto virou livro, Maus Tratos Aos Animais e Violência Contra Pessoas, que ele lança na segunda-feira.

Nassaro inspirou-se em um estudo americano para desenvolver sua pesquisa. Lá, com base em entrevistas realizadas com serial killers, policiais chegaram à conclusão de que assassinos tinham em comum um passado de agressão a animais. “Quando soube disso, passei a entender a questão de maus-tratos a animais não só como algo ideológico, de defesa dos bichos, mas também como questão de segurança pública.”

Ele entrou em contato com autores da pesquisa americana, tirou dúvidas de metodologia e decidiu aplicá-la ao contexto brasileiro. Mas, aqui, inverteu a perspectiva: em vez de focar nos assassinos, puxou a ficha dos agressores de animais. E notou que muitos haviam se envolvido em outros crimes.

“Dos 643 autuados entre 2010 e 2012 por maus-tratos a animais, 204 têm outros registros criminais e praticaram um total de 595 crimes.” Entre esses, um número alto envolve violência – são 110 lesões corporais, 42 portes ilegais de armas, 21 homicídios ou tentativas, 14 ameaças e 12 roubos.

Nassaro conseguiu identificar o perfil médio do agressor a animais. “Noventa por cento deles são homens, com média etária de 43 anos.” A maioria dos casos (73%) envolve animais domésticos – mas o capitão acredita que haja subnotificação nos casos ocorridos nas zonas rurais. Considerando as espécies animais, a lista de vítimas é liderada por galos (por causa das rinhas), seguidos de cachorros, gatos, aves e cavalos.

Lições. O capitão espera que seu estudo sirva como embasamento teórico para que o atendimento prestado pela polícia a essas ocorrências seja melhor. “Fica claro que atender a esses casos é questão de prevenção com relação a outros crimes. E, como muitos casos de maus-tratos ocorrem na família, com crianças assistindo cenas de crueldade, também há a preocupação com a formação de futuros criminosos, gente que cresceu nesse ambiente”, analisa Nassaro.

“Meu estudo comprova que onde existe violência aos animais no ambiente familiar, há um cenário de uma família potencialmente violenta, com crianças crescendo sem aprender valores de respeito à vida”, explica o capitão. “Uma conduta eficiente da polícia nessas ocorrências é importante, portanto, para evitar que essas pessoas comentam crimes violentos no futuro.”

Fonte: Estadão

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