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FIM DA EXPLORAÇÃO

'Agora você é livre, Alípio!': idoso resgata cavalo debilitado para salvá-lo dos anos de sofrimento e ter uma vida feliz

26 de julho de 2025
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Instagram/@willpitbull

Por anos, Alípio viveu preso a uma curta corda, sem espaço para correr, sem liberdade e privado de tudo que um cavalo precisa para existir com dignidade. Amarrado no fundo de um comércio em Altinópolis, interior de São Paulo, ele era ignorado, negligenciado e invisível. Sua vida parecia fadada ao sofrimento até que Pedro, um idoso da cidade, decidiu mudar essa história.

Pedro é avô do pitbull Will, cão “influencer” com quase 900 mil seguidores no Instagram. Durante uma caminhada, ele se deparou com Alípio em estado crítico: magro, fraco, encostado em uma parede como quem já havia desistido da vida. Tocando-se com a cena, Pedro procurou o tutor do cavalo e descobriu que, como se fosse um objeto, o cavalo havia sido trocado por um serviço, e desde então era mantido em abandono, sem cuidados ou alimentação adequada.

Mesmo diante da resistência do comerciante, Pedro não desistiu. A princípio, ofereceu R$ 200 pela vida do cavalo, mas o homem pediu R$ 1.500. Após negociação, chegaram a R$ 900, valor que libertaria Alípio de uma vida de exploração e descaso. Com empatia e urgência, Pedro o resgatou, iniciando um processo lento e cuidadoso de recuperação, física e emocional.

O cavalo Alípio ao lado de seu salvador, Pedro. (Foto: Instagram/@willpitbull)

Com idade estimada entre 15 e 18 anos, mais da metade da expectativa de vida média de um cavalo, Alípio agora tem, pela primeira vez, a chance de viver em segurança, recebendo afeto, cuidados veterinários e liberdade para ser quem ele nasceu para ser: um ser senciente, capaz de sentir, reagir e se vincular.

A ciência já comprova que cavalos são animais altamente sensíveis. Estudos da Universidade de Sussex, no Reino Unido, mostram que eles reconhecem expressões faciais humanas e reagem de maneira emocional. Outro estudo, da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, identificou mais de 800 expressões faciais distintas em cavalos, utilizadas para comunicar medo, curiosidade, afeto e outros sentimentos complexos. Ou seja, o sofrimento de Alípio não era apenas físico, foi emocional e duradouro.

A família de Will, o pitbull, compartilhou a história no Instagram @willpitbull no dia 20 de julho, com imagens do momento em que Alípio foi libertado ao som da trilha do filme Spirit: O Corcel Indomável. O vídeo emocionou milhares de pessoas, ultrapassando 170 mil visualizações. Nos comentários, seguidores expressaram indignação pela antiga situação do cavalo e gratidão pelo gesto de resgate.

A situação de Alípio traz à tona uma reflexão importante. O uso de cavalos em trabalhos forçados ainda é uma realidade no Brasil. Embora permitido por lei, esse uso só é considerado legal quando respeita critérios de bem-estar animal, como alimentação adequada, descanso, abrigo e cuidados veterinários. O Decreto nº 24.645/1934 e a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998) proíbem o trabalho excessivo, abandono e qualquer forma de crueldade. No entanto, a fiscalização é falha e muitos cavalos, como Alípio, seguem sendo explorados até a exaustão.

Agora livre, Alípio não será mais instrumento de carga ou pagamento. Ele é, enfim, reconhecido como o que sempre foi: um ser com direito à vida, à liberdade e ao respeito. A família de Will segue engajada na causa animal e convida todos que se sensibilizaram com a história a conhecerem e apoiarem seu trabalho. Afinal, mudar o mundo de um animal já é mudar o mundo inteiro para ele.

Foto: Instagram/@willpitbull

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