Seis pessoas foram acusadas de liderar um dos maiores esquemas de tráfico de chifres de rinoceronte da África do Sul, envolvendo 964 chifres destinados a mercados ilegais no Sudeste Asiático, segundo autoridades do país. Entre os detidos está John Hume, 83 anos, ex-proprietário da maior fazenda de rinocerontes do mundo, que chegou a criar cerca de 2.000 rinocerontes-brancos – aproximadamente um oitavo da população mundial – antes de vender a operação à African Parks em 2023. É o que relatam os sites jornalísticos ABC News e BBC.
O grupo, que inclui advogados, um gerente de reserva e um corretor de seguros, foi acusado de fraude, furto e violações de leis de proteção ambiental. Segundo os promotores, os suspeitos teriam obtido licenças para compra e venda de chifres de forma fraudulenta, enquanto canalizavam os animais para mercados ilegais internacionais. Hume e seus co-réus se entregaram à unidade de elite Hawks da polícia sul-africana antes de comparecerem ao Tribunal de Pretória, onde tiveram fiança concedida.
Em comunicado, Hume declarou que não tem nada a esconder e que colaborou “plenamente” com os investigadores durante anos. “Rejeito categoricamente as alegações contra mim e mantenho que nunca agi de forma ilegal. Estou confiante de que, uma vez que os fatos sejam analisados no tribunal, serei inocentado e minha inocência confirmada.”
As autoridades classificaram as prisões como “uma vitória decisiva” no combate ao crime internacional contra a vida selvagem. Segundo o ministro do Meio Ambiente, Dr. Dion George, “esta investigação complexa mostra que nossas agências de fiscalização não hesitarão em perseguir aqueles que saqueiam nossa vida selvagem para lucro criminoso” e constitui “uma poderosa demonstração da determinação do país em proteger seu patrimônio natural”.
O comércio doméstico de chifres de rinoceronte é permitido na África do Sul, mas a exportação internacional comercial está proibida desde 1977 sob a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Ainda assim, o tráfico persiste devido à alta demanda no Vietnã e na China, onde os chifres são usados na medicina tradicional, apesar de não haver comprovação científica de valor medicinal.
Os demais acusados incluem Clive Melville, parente de Hume, já acusado em 2019 de transporte ilegal de 167 chifres; os advogados Izak du Toit e Catharina van Niekerk; o corretor de seguros Mattheus Poggenpoel; e o gerente de reserva Johannes Hennop.
Hume, apelidado de “barão dos rinocerontes”, passou décadas defendendo a legalização do comércio internacional de chifres, argumentando que a oferta de chifres colhidos eticamente reduziria a caça furtiva. Ele vendeu sua fazenda Platinum Rhino em 2023, alegando que não poderia mais sustentar os rinocerontes que vinha criando há mais de duas décadas.
Fonte: Um só Planeta