Apesar de o Dia Internacional do Leopardo (03/05) já ter passado, os desafios enfrentados por esses animais majestosos seguem urgentes. A organização global FOUR PAWS alerta para a crescente exploração de leopardos no comércio ilegal de grandes felinos, que os transforma em vítimas de caça, tráfico e cativeiro cruel. Na África do Sul, onde a criação em cativeiro alimenta essa rede criminosa, um santuário oferece um recomeço para espécies resgatadas — incluindo um comovente casal de leopardos que sobreviveu às ameaças humanas.
Os leopardos, assim como outras espécies de grandes felinos, enfrentam ameaças significativas em todo o planeta. Vivos ou mortos, esses animais majestosos são tratados como mercadorias, tornando-se vítimas do tráfico. Eles são mantidos como animais domésticos exóticos ou caçados por seus ossos, crânios e peles, que são usados na medicina tradicional, transformados em artigos de luxo ou exibidos como troféus.
A intensa indústria de criação em cativeiro da África do Sul transformou o país em um dos principais fornecedores desse tráfico, atendendo à crescente demanda internacional por grandes felinos. O país enfrenta debates constantes sobre bem-estar animal e questões éticas levantadas por grupos de proteção ao redor do mundo.
Para combater essa crueldade, a FOUR PAWS fundou o Santuário LIONSROCK na África do Sul em 2006. Esse santuário oferece aos grandes felinos resgatados uma segunda chance para viver em um ambiente adequado às suas necessidades naturais. Entre seus primeiros residentes estavam Mike e Tulani, dois leopardos resgatados da exploração, que continuam vivendo no santuário como um “casal de idosos” querido.
“Os leopardos na África, Oriente Médio e Ásia já perderam quase 75% de seus habitats naturais devido à destruição de seu ambiente e à caça. Enquanto as populações selvagens de grandes felinos estão à beira da extinção, outros são criados em instalações questionáveis apenas para serem comercializados ao redor do mundo — vivos ou como partes do corpo. É trágico ver como essas criaturas majestosas se tornaram meras mercadorias”, disse Vanessa Amoroso, responsável por Animais Selvagens no Comércio da FOUR PAWS.
Com o aumento da demanda por tigres, um padrão preocupante surgiu: caçadores e traficantes estão mirando cada vez mais os leopardos. Esses animais estão sendo caçados por seus ossos, dentes e outras partes do corpo, muitas vezes rotuladas falsamente como produtos de “tigre” e vendidas em mercados de vida selvagem na Ásia. Apesar de os leopardos estarem sob a maior proteção da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), aproximadamente 12 mil leopardos e suas partes foram traficadas globalmente entre 2020 e 2023.
A África do Sul continua desempenhando um papel central no suprimento dessa demanda ilegal, facilitando o tráfico por meio de legislação insuficiente e permitindo que a indústria de criação em cativeiro prospere de forma chocante. A campanha “Break the Vicious Cycle” (Quebre o Ciclo Vicioso) da FOUR PAWS expõe essa exploração comercial contínua.
“A proteção dos grandes felinos não é uniforme em todo o mundo e varia de país para país. Até mesmo entre espécies de felinos há diferenças. Traficantes de vida selvagem sabem disso e estão sempre em busca de soluções fáceis para lucrar: se conseguir um tigre é complicado, eles rapidamente partem para substitutos mais acessíveis e menos protegidos. Precisamos de apoio global para acabar com isso. A FOUR PAWS pede que os governos de todo o mundo se alinhem aos padrões internacionais de proteção animal, como a CITES, para acabar com o tráfico e a exploração cruel de animais selvagens por lucro”, afirmou Amoroso.
O Santuário LIONSROCK, administrado pela FOUR PAWS, oferece um refúgio seguro para grandes felinos resgatados de posse privada, circos e outros ambientes abusivos. Tulani, nascido em cativeiro em 2002 em uma fazenda de safári, foi comprado ainda filhote. Já Mike era um leopardo selvagem arrancado de seu habitat natural e mantido em cativeiro privado. Apesar de sua natureza solitária, os dois formaram um vínculo extraordinário após o resgate em 2006.
Quase duas décadas depois, Mike e Tulani ainda podem ser vistos descansando lado a lado sob o sol africano — um testemunho poderoso do impacto transformador dos santuários.