Um ano após a morte da cadela Belinha, assassinada por um comerciante em Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul, uma praça será inaugurada em homenagem ao animal. A iniciativa é do adolescente Jackson Alessandro Delavechia de Lima, de 14 anos, que presenciou o momento em que Belinha foi morta por um comerciante da cidade e, para honrar a memória de sua melhor amiga, decidiu homenageá-la.
E a ideia de fundar a praça surgiu com apenas um dia da morte da cadela. Segundo a mãe do adolescente, Alexandra Moreira da Silva, seu filho acordou no dia seguinte ao assassinato de Belinha, olhou para uma área verde em frente à casa onde mora, no Loteamento Nascer do Sol, bairro Boa Vista, e decidiu homenageá-la.
“Mãe, a Belinha não está mais aqui para me acordar, mas quero um lugar onde os seres humanos possam brincar com seus animais”, teria dito o garoto, segundo Alexandra. A praça foi construída por meio de doações.
“Nunca vou esquecer ela, não tive mais outro cachorro, a Belinha era considerada da família, todo mundo ficou triste quando ela se foi. Ainda é difícil esquecer aquela brutalidade que foi feita, não tinha necessidade daquilo, infelizmente aconteceu”, lamentou Jackson em entrevista ao jornal GaúchaZH.
A cadela foi morta enquanto esperava o tutor em frente a um mercado. O dono do estabelecimento se irritou com a presença do animal e atirou contra ela. Jackson presenciou a cena e tentou socorrer a cadela, mas ela não resistiu.
Preso em flagrante, o comerciante Nelson Edison Martins Fagundes, 43 anos, ficou apenas 27 horas na cadeia, tendo sido beneficiado pela liberdade provisória. Atualmente, ele responde pelo crime na Justiça e aguarda a próxima audiência sobre o caso.
O destino do comerciante, porém, não interessa para Alessandra, que desde o dia do crime teve como foco apoiar seu filho. Na época, a morte de Belinha alcançou tamanha repercussão que Jackson foi apoiado por pessoas de todo o país e ganhou, inclusive, uma camisa do Grêmio autografada pelos jogadores. Além disso, uma vaquinha online arrecadou R$ 4 mil para a família.
Para a mãe de Jackson, ter presenciado o sofrimento do filho foi desolador. “Isso queima, é que nem brasa quente na tua mão, escutar isso da boca dele, depois que aconteceu tudo aquilo, mas a gente reverte e a emoção toma conta ao também ouvir dele a vontade de ter a praça. Eu estou emocionada, me tranca as palavras toda a ajuda que recebemos”, afirmou.
E essa ajuda transformou a área verde em uma praça com brinquedos, lixeiras, floreiras e outros equipamentos. Localizada no bairro Boa Vista, em frente à Rua Antenor da Silva, a praça foi construída não só com doações, mas com o apoio de moradores e funcionários da prefeitura de Sapucaia do Sul, que limparam a área.
No dia 12 de outubro, uma festa será realizada no local. O evento, que respeitará as medidas de prevenção ao coronavírus, terá como objetivo inaugurar a praça. Para complementar a comemoração, a família pede doações de balas, pirulitos e brinquedos para crianças. Durante o evento, eles pretendem conscientizar a população sobre cuidados com animais e mostrar que há formas de reparar traumas como o que Jackson sofreu.
“Peço que cuidem muito bem dos seus animais, não deixem passar fome e frio. Tenho certeza que, quando tudo estiver dando errado, ele vai estar lá para te ajudar, é o único amigo que tu vai poder contar, ele nunca vai contar o teu segredo. Parece que tu entende o que eles latem ou miam”, concluiu Jackson.