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Adoção de animais ganha força no RJ

20 de janeiro de 2012
6 min. de leitura
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Evento mensal de adoção de animais no Jardim de Alah, em Ipanema, sempre no segundo domingo de cada mês (Foto: Alexandre Durão / Agência O Globo)

Uma vivia pelas calçadas do Leblon (RJ), nos arredores do batalhão da PM no bairro, correndo risco de ser atropelada porque teimava em seguir os policiais nos carros; outra foi largada à própria sorte e ficou semanas vagando sem rumo pelo Parque Guinle; e uma terceira foi abandonada num ponto de ônibus do Jardim Botânico, onde passou quatro dias sem beber ou comer, esperando que seus antigos tutores voltassem para buscá-la. Hoje, as três cadelas ganharam nome (Rosinha, Pérola Negra e Menina de Deus, respectivamente), novos tutores e uma casa onde ficam protegidas. Bons exemplos de uma prática que vem ganhando força no estado do RJ: a adoção de animais.
Na esperança de ver outros finais felizes como o deste trio, cada vez mais cariocas e fluminenses estão participando de campanhas na internet e de feiras de adoção de cães e gatos. Na Zona Sul do Rio, um dos movimentos mais atuantes no momento é o Grupo de Amigos do Jardim de Alah, que surgiu para lutar pela defesa de um espaço público, mas acabou mudando de foco após a tragédia da Região Serrana e em 12 meses já encaminhou 500 animais para novos lares, a maioria animais resgatados na cidade de Teresópolis.
– Quando foi fundado, há três anos, o grupo era mais voltado para a proteção do Jardim de Alah, só que todos os integrantes amavam cães. E um dos problemas do Jardim era justamente o do constante abandono de cachorros na área. Já tínhamos algumas iniciativas isoladas de adoção e, quando houve a tragédia da Serra, em que muitos animais ficaram desalojados e órfãos, resolvemos apoiar algumas ONGs e passamos a fazer uma feira para dar um novo lar a eles – conta o presidente da Associação de Proprietários de Prédios do Leblon, Augusto Boisson, que tem uma cadelinha adotada, chamada Lilica.
O grupo de Ipanema tem 270 amigos no Facebook e já oficializou o segundo domingo do mês como a data das feiras. Para lá, são levados animais resgatados por protetores e por ONGs como a Anida, da Tijuca, e a Estimação, de Teresópolis, que desde a tragédia da Serra já conseguiu adoção para cerca de 1.440 animais, mas ainda mantém num galpão na Região Serrana 62 cães.
– Restaram os vira-latas de porte médio e grande e os mais idosos, que a maioria não quer. São animais dóceis, carinhosos, que merecem uma segunda chance, mas ficaram esquecidos – lamenta a produtora de rádio Karla de Lucas, que adotou um destes órfãos, o Orelha, e todos os domingos viaja do Rio para Teresópolis para cuidar dos cães.
As turmas de adoção costumam ter padrinhos famosos. A feira do Jardim de Alah, por exemplo, conta com apoio da atriz Guilhermina Guinle e do compositor Roberto Menescal, que posaram para fotos de cartazes do evento. A feira da Praça Afonso Pena, organizada pela ONG Anida, já contou com a participação da ex- BBB Thalita Lipi e da atriz Marilia Bessy. As atrizes Alexia Deschamps – tutora de oito cães, sendo quatro adotados -, e Lady Franciscus, que tem oito recolhidos das ruas, costumam participar de eventos em feiras e campanhas de adoção no Rio e no restante do país.
– As pessoas nunca deveriam comprar animais. Quem nunca teve um animal, principalmente adotado, não sabe o que é receber amor de verdade – ensina Lady Franciscus, que é tutora de Pérola Negra, a cocker spaniel que ela resgatou no Parque Guinle.
A veterinária Andrea Lambert, que é fundadora da ONG Anida e atua no resgate e proteção de cães e gatos abandonados há nove anos, consegue enxergar uma mudança de comportamento principalmente entre os cariocas da Zona Sul.
– Hoje já vejo mais gente passeando com vira-latas na Zona Sul. Mas ainda falta muito, pois nesta sociedade consumista, a maioria ainda prefere comprar um cãozinho de raça, como quem compra o celular da moda. Temos que conscientizar a população que animal não é mercadoria – diz Andrea, que participa de feiras e campanhas na Zona Sul, Zona Oeste e Zona Norte, e integra o grupo do Jardim de Alah.
Há mais de dez anos atuando no Grupo de Assistência e Proteção aos Animais (Gapa), de Itaipava, na Região Serrana, Carlos Eduardo Pereira acredita que mais pessoas passaram a pensar em adoção e em ajudar os animais depois da tragédia da Serra, mas acha que a maioria ainda só age estimulada por grandes campanhas:
– Brasileiro é bom de campanha. Mas no dia a dia, é mais difícil mobilizar – diz ele, que em 2011 contabilizou 2.252 adoções no Gapa.
Há muita gente que trabalha sozinha pela causa, como a atriz Betty Gofman, que transformou sua casa no Jardim Botânico numa espécie de lar temporário para cães abandonados. Na primeira semana de janeiro, ela ajudou a arrumar novo lar para Sofia, a cadela do falecido ator Sérgio Brito, que agora vive feliz na casa de outra atriz em Ipanema. Betty calcula já ter encaminhado cem cães para adoção.
– Aqui é como uma casa de passagem. Já tive cães que ficaram um ano e outros que só ficaram um dia. Mas dou carinho e cuido de todos eles e só entrego para adoção quando tenho certeza de que ficam bem – conta a atriz, que atualmente abriga em seu canil uma vira-lata e quatro filhotes que foram enterrados vivos – São três machos e uma fêmea de cerca de três meses. Um absurdo o que fizeram com eles e o pior é que a pessoa que os salvou não conseguiu registrar queixa por maus tratos na delegacia.
Antes taxados de excêntricos, estes protetores tentam conseguir que casos de abandono e de maus-tratos – como os do yorkshire espancado por uma enfermeira, divulgado pelas redes sociais – sejam punidos pela lei. Semana passada, 300 pessoas fizeram uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, onde protocolaram um pedido ao Governador Sergio Cabral para criação de uma Delegacia Especial de Defesa dos Animais no estado.
Dia 22, a partir das 10h30m, protetores do Rio prometem aderir a uma Manifestação Nacional Contra a Crueldade com Animais, com saída da frente do Hotel Copacabana Palace.
Fonte: Yahoo Notícias

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